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sexta-feira, julho 28, 2006

Alicerçando Palavras # 112 - Henning Mankell


- Nem tudo é compreensível - retorquiu Victor Mabasha. - Um conto é uma viagem que não acaba.

In, Mankell, Henning, A Leoa Branca, Editorial Presença, 2003


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quarta-feira, julho 26, 2006

Alicerçando Poesia # 198 - Nemes Nagy Ágnes - Hungria 1922-1991


Árvores

Tradução de Ernesto Rodrigues




É preciso aprender. As árvores do Inverno.
Geladas até às raízes.
Impassíveis cortinas.


É preciso aprender este risco,
onde fumado se faz o cristal,
e nada a árvore em nevoeiro, qual
o corpo numa lembrança.


E atrás das árvores o rio,
asas mudas de selvagens patos,
a brancura cega e azul da noite,
com seus objectos encapuzados;
é preciso aprender aqui os
das árvores indizíveis actos.


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terça-feira, julho 18, 2006

Alicerçando Poesia # 197 - Carlos Queiroz


Poema de Carlos Queiroz a Fernando Pessoa



O Amigo


Era bom encontrar o amigo
No Café, onde estava a olhar
Com um gesto elegante e ambíguo
Para o fumo a sumir-se no ar.


A poesia era o tema dilecto
Da conversa que o tempo engolia.
O real, o preciso, o concreto
Nem sabiam que a gente existia.


Nada era para nós maculado,
Nem um só sentimento era fosco:
Porque havia outra luz, outro lado,
E o mistério morava connosco.


Tudo isto foi antes de Orfeu
Ter levado o encanto consigo.
Esse amigo está vivo - e morreu.
(E de mim, que dirá êsse amigo?)


(in "Litoral", nº1, Lisboa, 1944)

retirado de FERNANDO PESSOA - O ROSTO E AS MÁSCARAS, David Mourão-Ferreira



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domingo, julho 16, 2006

Alicerçando Palavras # 111 - Marguerite Duras


voz 1 (lenta

O dia chega.

Silêncio



voz 1 (muito lenta)

O dia levanta-se aqui, em redor.
E ali.
O ar cheira a lodo. E a lepra. E a fogo.

voz 2

Nem um sopro.


voz 1

Não. Movimentos muito lentos, deslocações muito lentas. Cheiros.

Silêncio



voz 2

Quem está a tocar?

voz 1

Ninguém.

In, India Song, Quetzal Editores


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quarta-feira, julho 12, 2006

Alicerçando Poesia # 196 - Poemas de amor do antigo Egipto


Se fores à casa coberta de hera
Antes dos outros convidados chegarem,
Põe-te à vontade
Na sala dos banquetes.

As flores mexem-se com a brisa,
A qual, se não estiver toda envolta em perfume,
Há-de conseguir levar até ti
Pelo menos a excelência de alguma da sua fragância.

O perfume alastra,
A embriaguês começa.

Aquela rapariga ali, a que se parece com Noubt:
Se tiveres a sorte de a receber como presente,
Meu amigo, deves estar preparado para oferecer em sacrifício a tua vida
Pois é a única coisa que podes dar em troca.



tradução de Helder Moura Pereira



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quinta-feira, julho 06, 2006

Alicerçando Poesia # 195 - Fiama Hasse de Pais Brandão


Lisboa tem suas barcas
agora lavradas de armas

Lisboa tem barcas novas
agora lavradas de homens

Barcas novas levam guerra
As armas não lavram terra

São de guerra as barcas novas
ao mar deitadas com homens

Barcas novas são mandadas
sobre o mar com suas armas

Não lavram terras com elas
os homens que levam guerra

Nelas mandaram meter
os homens com sua guerra

Ao mar mandaram as barcas
novas lavradas de armas

Em Lisboa sobre o mar
armas novas são mandadas


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terça-feira, julho 04, 2006

Alicerçando Poesia # 194 - Henrik Nordbrandt - Dinamarca




Tradução de José Alberto Oliveira





Pragmático


As coisas que existiam antes de tu morrerem
e as coisas que surgiram depois:


Ás primeiras pertencem, antes do mais,
as tuas roupas, as jóias e as fotografias
e o nome da mulher que te deu o nome
e também morreu jovem…
Mas também um par de receitas, o arranjo
de um certo canto na sala,
uma camisa que me passaste a ferro
e que guardo cuidadosamente
debaixo da minha resma de camisas,
Algumas peças de música, e o cão
sarnento que por aí anda
Com um sorriso estúpido, como se ainda aqui estivesses.


Às últimas pertencem a minha caneta,
um perfume conhecido
na pele de uma mulher que mal conheço
e as novas lâmpadas que pus no candeeiro do quarto
que iluminam o que leio acerca de ti
em todos os livros que leio.


As primeiras recordam-me que exististe,
as últimas que já não existes.
Que sejam quase indistinguíveis
é o mais difícil de suportar.


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