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domingo, dezembro 30, 2007

Bom Ano


para todos os que por aqui passarem.

Deixo-vos com a sabedoria de Fernando Pessoa e do seu Cancioneiro.




Esta espécie de loucura

Que é pouco chamar talento

E que brilha em mim, na escura

Confusão do pensamento.



Não me traz felicidade;

Porque, enfim, sempre haverá

Sol ou sombra na cidade.

Mas em mim não sei o que há.


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quarta-feira, dezembro 26, 2007

Alicerçando Poesia # 281 - Luiza Neto Jorge (1939-1989)


A Língua

A língua
que é líquido
sacro
não transborda.

um dedo
que tocou
a palavra
não aborda


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quinta-feira, dezembro 20, 2007

Boas Festas


Fra Angelico, Anunciação, Florença


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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Alicerçando Poesia # 280 - Chan Yu - China - 768-824


Ruína

Espelha-se a Lua plácida no pátio,
Mostrando as pobres pétalas caídas
Das flores das bravas pereiras descuidadas.
Falam as pedras dum feliz passado;
Eu contemplo os degraus puídos, gastos
Batidos pelas brisas agitadas.



Trad. Francisco de Carvalho e Rego

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domingo, dezembro 16, 2007

Alicerçando Imagens # 129 - Piero dela Francesca



The Queen of Sheba in adoration of the Wood and the Meeting of Solomon and the Queen of Sheb, Fresco, 336 x 747 cm; San Francesco, Arezzo

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sexta-feira, dezembro 14, 2007

Alicerçando Poesia # 279 - Mia Couto


Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça

Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci

Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos

No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome.


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quarta-feira, dezembro 12, 2007

Alicerçando Palavras # 144 - Vergílio Ferreira


Não se Ama uma Pedra



Amar é reconhecer nos outros um ser misterioso, e não um objecto - tu eras uma vibração à tua volta, não a estreita presença de um corpo. Aqueles que não amamos nem odiamos são nítidos como uma pedra. Sentir neles uma pessoa é começar a amar ou a odiá-los. Só amamos ou odiamos quem é vivo para nós. («Nunca amaste ninguém...»).


Vergílio Ferreira, in Estrela Polar



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segunda-feira, dezembro 10, 2007

Alicerçando Poesia # 278 - William Butler Yeats


OS CINES SELVAGENS DE COOLE

Em sua outonal beleza estão as árvores,
Secas as veredas do bosque;
No crepúsculo de Outubro as águas
Reflectem um céu tranquilo;
Nessas transbordantes águas sobre as pedras
Banham-se cinquenta e nove cisnes.

Dezenove outonos se passaram desde que
Os contei pela primeira vez;
E, enquanto o fazia, vi
Que de repente todos se erguiam
E em largos círculos quebrados revolteavam
As clamorosas asas.

Contemplei esses seres resplandecentes,
E agora há uma ferida no meu coração.
Tudo mudou desde o dia em que ouvindo ao crepúsculo,
Pela primeira vez nesta costa,
A alta música dessas asas sobre a minha cabeça,
Com mais ligeiro passo caminhei.

Infatigáveis, amante com amante,
Movem-se nas frias
E fraternas correntes ou elevam-se nos ares;
Os seus corações não envelheceram;
Paixão ou conquista solicitam ainda
Seu incerto viajar.
Mas vagueiam agora pelas quietas águas,
Misteriosos, belos;
Entre que juncos edificarão sua morada,
Junto a que lago, junto a que charco,
Deliciarão o olhar do homem quando um dia eu despertar
E descobrir que voando se foram?



Tradução de José Agostinho Baptista



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segunda-feira, dezembro 03, 2007

Alicerçando Palavras # 143 - Ruben A.


Nota: O meu computador vai hoje passear, ter com o seu futuro irmão para que tudo seja copiado. Não sei quanto tempo ficarei sem computador :( mas irei encher-me de paciência! Se passar em algum lado com net ou em casa de alguém que a tenha darei aqui uma espreitadela. Até breve, assim espero!... Deixo-vos com Ruben A.


A ânsia de matar tempo, de liquidar o espaço de dias entre um acontecimento e o que lhe sucede, transmite, tanto em casos de amor como em outros, fins importantes, um estado de alma que se preocupa exclusivamente em atingir esse alvo previamente estabelecido. Não se pensa em mais nada. Semelhante à situação criada quando se sabe de antemão que se vai encontrar determinada pessoa que nos interessa muito. Fica-se incapaz de articular palavra, de estreitar vínculo com quem quer que seja que se nos atravesse no caminho. Está-se a viver em outrem, num estado fora da relação humana do dia a dia. Nem sequer ouvimos os sons, arrepiamos a pele ao tomar conhecimento consciente de notícias que já sabíamos de antemão pertencerem ao domínio público. Esta é também a ânsia do suicida que nada mais faz entre a decisão de cometer o homicídio e a prática do acto extremo.

O Mundo À Minha Procura I



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