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domingo, agosto 31, 2008

Alicerçando Poesia # 324 - Al Berto


Avião


envolto num lençol de cal duas cintilações
sobre as pálpebras húmidas e um ardor perfura
a noite onde uma ponte atravessa o rio

o voo é demorado
ficaste a saber que nem deus é eterno
desfez-se no erro daquilo que criou perdeu-se
nas suas imperfeições e certezas

agora
pela janela do avião vês como tudo é mínimo
lá em baixo -- quando a oriente da loucura
a mão cinzenta do inverno perdura no rosto
daqueles que sonolentos viajam dentro
deste pequeno túmulo de serenidade.


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sexta-feira, agosto 29, 2008

Alicerçando Imagens # 144 - Richard Parkes Bonington 1802-1828





Rialto - Veneza, aguarela, c. 1827


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quarta-feira, agosto 27, 2008

Alicerçando Palavras # 159 - Jorge Luís Borges


O Pelicano

O Pelicano da zoologia comum é uma ave aquática, com dois metros de envergadura, um bico muito comprido e largo, de cuja mandíbula inferior pende uma membraa avervelhada que forma uma espécie de bolsa para guardar o peixe; o da fábula é menor e o seu bico é pequeno e afiado. Fiel ao seu próprio nome, a plumagem do primeiro é branca, a do segundo é amarela e por vezes verde. Ainda mais singular que o seu aspecto são os seus hábitos.
Com o bico e as garras, a mãe acaricia os filhs com tanta devoção que os mata. Três dias depois chega o pai que, desesperado por vê-los mortos desata a bicar o peito. O sangue derramado pelas feridas fá-los ressuscitar. É assi que referem os bestiários, excepto São jerónimo num comentário ao Salmo 102 («Sou como um pelicano do deserto, sou como uma coruja do deserto»), que atribui a morte dos filhos à serpente. Que o pelicano fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os filhos é uma versao comum na fábula.
O sanue que dá vida aos mortos sugere a Eucaristia e a cru, e assim um verso célebe d'O Paríso (XXV, 113) chama «nosso Pelicano» a Jesus Cristo. O comentário latino de Benvenuto de Ímola esclarece: «Diz-se pelicano porque abriu o costado para nos salvar, como o pelicano que vivifica os filhos mortos com o sangue do seu peito. O pelicano é uma ave egípcia. »
A imagem do Pelicano é habitual na heráldica eclesiástica e ainda é gravada nos vasos sagrados. O bestiário de leonardo da Vinci define assim o pelicano: «Quer muito aos seus filhos e, encontrando-os nos ninhos mortos pelas serpentes, fustia o peito e, banhando-os com o seu sangue, fá-los voltar à vida».


O Livro dos Seres Imaginários



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sexta-feira, agosto 22, 2008

Alicerçando Poesia # 323 - John Torres - Puerto Rico


Honorable discharge
(Inclosión honorable)


Escapar es siempre un pase al origen.
Deleuze





En el momento preciso escaparé
por la ventana de su vientre.


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segunda-feira, agosto 18, 2008

Alicerçando Imagens # 143 - Picasso


óleo sobre madeira, 22 x 14cmm, 1916


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sexta-feira, agosto 15, 2008

Alicerçando Poesia # 322 - Estrella Asse - Argentina

Haiku

La noche oculta
tatuajes del sol.
Gravitan sueños.

Rasga la piel:
del pie de la montaña,
nace su canto.

En el silencio,
se escuchan caer gotas:
horas en fuga.

Nacen colores,
se graban en el cielo
halos, esencias.

Alumbra el sueño
esfera, luz de plata.
Estrella vaga.

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quarta-feira, agosto 13, 2008

Alicerçando Poesia # 321 - William Butler Yeats


A Last Confession


What lively lad most pleasured me
Of all that with me lay?
I answer that I gave my soul
And loved in misery,
But had great pleasure with a lad
That I loved bodily.

Flinging from his arms I laughed
To think his passion such
He fancied that I gave a soul
Did but our bodies touch,
And laughed upon his breast to think
Beast gave beast as much.

I gave what other women gave
That stepped out of their clothes,
But when this soul, its body off,
Naked to naked goes,
He it has found shall find therein
What none other knows,

And give his own and take his own
And rule in his own right;
And though it loved in misery
Close and cling so tight,
There's not a bird of day that dare
Extinguish that delight.


THE WINDING STAIR AND OTHER POEMS



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segunda-feira, agosto 11, 2008

Alicerçando Poesia # 320 - Adélia Prado


Com Licença Poética

Quando nasci meu anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
(dor não é amargura).
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria
sem raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


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quarta-feira, agosto 06, 2008

Alicerçando Imagens # 142 - David Dawson



David Hockney no estúdio de Lucien Freud


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domingo, agosto 03, 2008

Alicerçando Palavras # 158 - Marguerite Yourcenar


- Voyez, continua Zénon. Par-delà ce village, d'autres villages, par delà cette abbaye, d'autres abbayes, par-delà cette fortresse, d'autres fortresses. Et dans chacun des châteaux d'idées, des masures d'opinions superposés aux masures de bois et aux châteaux de pierre, la vie emmure les fous et ouvre un pertuis aux sages.

L'Œuvre au Noir, 1968



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