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sexta-feira, novembro 28, 2008

Alicerçando Poesia # 343 - Sebastião Alba


Gosto dos amigos
que modelam a vida
sem interferir muito


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terça-feira, novembro 25, 2008

Alicerçando Palavras # 169 - Martin Amis


Repare nisto: aos olhos dos assassinos comuns, os polícias não são de fiar. Para o pedófilo experimentado, o olhar ingénuo de uma criança é um olhar de luxúria voraz. Mais ou menos da mesma maneira, para os necrófilos activos, as pessoas vivas já estão mortas.
É muitas vezes uma grande prova de afecto deixarmos sozinhas as pessoas de quem gostamos. Quem já tenha chocado com um candeeiro sabe que qualquer velocidade acima de zero, não, obrigado.
Algumas pessoas olham para o pôr do Sol e só conseguem ver sangue no céu ameaçador. E quando, à tardinha, vêem aproximar-se um crucifixo aéreo vindo do ocidente, limitam-se a suspirar, ficando agradecidos por outro Avião ter escapado do inferno.
Se às vezes não se sentir um pouco louco, então acho que você deve estar doído. Todos os clichés são verdadeiros. Ninguém sabe o que há-de fazer. Tudo depende da maneira como se encara as coisas.


Os Outros



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domingo, novembro 23, 2008

Alicerçando Poesia # 342 - Athur Rimbaud


Départ



Assez vu. La vision s'est rencontrée à tous les airs.Assez eu. Rumeurs des villes, le soir, et au soleil, et toujours.Assez connu. Les arrêts de la vie. - O Rumeurs et Visions !Départ dans l'affection et le bruit neufs !


Illuminations



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quinta-feira, novembro 20, 2008

Alicerçando Imagens # 151 - Balthus




Head of a Young Girl (Antoinette), 1936, Graphite on ivory wove paper, 335 x 267 mm, Art Institute of Chicago

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quarta-feira, novembro 19, 2008

Alicerçando Poesia # 341 - Cesário Verde

Cristalizações


Faz frio. Mas, depois duns dias de aguaceiros,
Vibra uma imensa claridade crua.
De cócaras, em linha os calceteiros,
Com lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam de lado a lado a longa rua.

Como as elevações secaram do relento,
E o descoberto Sol abafa e cria!
A frialdade exige o movimento;
E as poças de água, como um chão vidrento,
Reflectem a molhada casaria.

Em pé e perna, dando aos rins que a marcha
agita,
Disseminadas, gritam as peixeiras;
Luzem, aquecem na manhã bonita
Uns barracões de gente pobrezita
E uns quintalórios velhos, com parreiras.

Não se ouvem aves; nem o choro duma nora!
Tomam por outra parte os viandantes;
E o ferro e a pedra - que união sonora!
- Retinem alto pelo espaço fora,
Com choques rijos, ásperos, cantantes.

Bom tempo. E os rapagões, morosos, duros,
baços,
Cuja coluna nunca se endireita,
Partem penedos. cruzam-se estilhaços.
Pesam enormemente os grossos maços,
Com que outros batem a calçada feita.

A sua barba agreste! A lã dos seus barretes!
Que espessos forros! Numa das regueiras
Acamam-se as japonas, os coletes;
E eles descalçam com os picaretes
Que ferem lume sobre pederneiras.

E neste rude mês, que não consente as flores,
Fundeiam, como esquadra em fria paz,
As árvores despidas. Sóbrias cores!
Mastros, enxárcias, vergas! Valadores
Atiram terra com as largas pás...

Eu julgo-me no Norte, ao frio - o grande
agente!
Carros de mão que chiam carregados,
Conduzem saibro, vagarosamente;
Vê-se a cidade, mercantil, contente:
Madeiras, águas, multidões, telhados!

Negrejam os quintais; enxuga a alvenaria;
Em arco, sem as nuvens flutuantes,
O céu renova a tinta corredia;
E os charcos brilham tanto que eu diria
Ter ante mim lagoas de brilhantes!

E engelhem muito embora, os fracos, os tolhidos,
Eu tudo encontro alegremente exacto,
Lavo, refresco, limpo os meus sentidos.
E tangem-me, excitados, sacudidos,
O tacto, a vista, o ouvido, o gosto, o olfacto!

Pede-me o corpo inteiro esforços na friagem
De tão lavada e igual temperatura!
Os ares, o caminho, a luz reagem;
Cheira-me a fogo, a sílex, a ferragem;
Sabe-me a campo, a lenha, a agricultura.

Mal encarado e negro, um pára enquanto
eu passo;
Dois assobiam, altas as marretas
Possantes, grossas, temperadas de aço;
E um gordo, o mestre, com ar ralaço
E manso, tira o nível das valetas.

Homens de carga! Assim as bestas vão
curvadas!
Que vida tão custosa! Que diabo!
E os cavadores descansam as enxadas,
E cospem nas calosas mãos gretadas,
Para que não lhes escorregue o cabo.

Povo! No pano cru rasgado das camisas
Uma bandeira penso que transluz!
Com ela sofres, bebes, agonizas;
Listrões de vinho lançam-lhe divisas,
E os suspensórios traçam-lhe uma cruz!

De escuro, bruscamente, ao cimo da barroca,
Surge um perfil direito que se aguça;
E ar matinal de quem saiu da toca,
Uma figura fina, desmboca,
Toda abafada num casaco à russa.

Donde ela vem! A actriz que tanto cumprimento
E a quem, à noite, na plateia, atraio
Os olhos lisos como polimento!
Com seu rostinho estreito, friorento,
Caminha agora para o seu ensaio.

E aos outros eu admiro os dorsos, os costados
Como lajões. Os bons trabalhadores!
Os filhos das lezírias, dos montados:
Os das planícies, altos, aprumados;
Os das montanhas, baixos, trepadores!

Mas fina de feições, o queixo hostil, distinto,
Furtiva a tiritar em suas peles,
Espanta-me a actrizita que hoje pinto,
Neste Dezembro enérgico, sucinto,
E nestes sítios suburbanos, reles!

Como animais comuns, que uma picada
esquente,
Eles, bovinos, másculos, ossudos,
Encaram-na, sanguínea, brutamente:
E ela vacila, hesita, impaciente
Sobre as botinas de tacões agudos.

Porém, desempenhando o seu papel na peça,
Sem que inda o público a passagem abra,
O demonico arrisca-se, atravessa
Covas, entulhos, lamaçais, depressa,
Com seus pezinhos rápidos, de cabra!

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segunda-feira, novembro 17, 2008

Alicerçando Palavras # 168 - Francis Ponge


Demain, au lieu de me réveiller à mon travail, je partirai. N'importe où! J'accepterai tout pour une fois et je trouverai tout bon et sans gêne pour ma liberté.

En effet je ne parlerai pas car je serai admirablement seul. Je ne ferai aucune réflexion. Sinon pour m'exclamer, pour rendre un son, pour exprimer ma joie et ma sensation.

O quelle nouveauté!

J'irai à mon allure, sans aucune habitude, ailleurs.

On ne meurt pas de faim. La vie est facile. Tout s'oublira. Rien n'accrochera ma mémoire. Je ne reconnaîtrai rien. Aucune trace. Sinon ma valise où il y aura un rasoir et des faux cols et qui sera posée sur cette table vide où jamais elle n'a été posée.

Personne ne me dira pourquoi? Tout sera acte pure, sans réflexion.

Tout accepté. Tout me laissera libre.


Nouveau Recueil



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quinta-feira, novembro 13, 2008

Alicerçando Poesia # 340 - Fiama Hasse Pais Brandão


Em Galafura


Os povoadores da beira Douro
conhecem o pó e as pedras.
E sabem que o Universo
concebe cerejais e parras.
Vivem como vermes magníficos,
iluminados por dias soalheiros,
obscurecidos pelas invernias.


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segunda-feira, novembro 10, 2008

Alicerçando Palavras # 167 - Arthur Rimbaud




L'impossible


Ah ! cette vie de mon enfance, la grande route par tous les temps, sobre surnaturellement, plus désintéressé que le meilleur des mendiants, fier de n'avoir ni pays, ni amis, quelle sottise c'était. - Et je m'en aperçois seulement !- J'ai eu raison de mépriser ces bonshommes qui ne perdraient pas l'occasion d'une caresse, parasites de la propreté et de la santé de nos femmes, aujourd'hui qu'elles sont si peu d'accord avec nous.J'ai eu raison dans tous mes dédains : puisque je m'évade !Je m'évade !Je m'explique.Hier encore, je soupirais : "Ciel ! sommes-nous assez de damnés ici-bas ! Moi j'ai tant de temps déjà dans leur troupe ! Je les connais tous. Nous nous reconnaissons toujours ; nous nous dégoûtons. La charité nous est inconnue. Mais nous sommes polis ; nos relations avec le monde sont très convenables." Est-ce étonnant ? Le monde ! les marchands, les naïfs ! - Nous ne sommes pas déshonorés. - Mais les élus, comment nous recevraient-ils ? Or il y a des gens hargneux et joyeux, de faux élus, puisqu'il nous faut de l'audace ou de l'humilité pour les aborder. Ce sont les seuls élus. Ce ne sont pas des bénisseurs !M'étant retrouvé deux sous de raison - ça passe vite ! - je vois que mes malaises viennent de ne m'être pas figuré assez tôt que nous sommes à l'Occident. Les marais occidentaux ! Non que je croie la lumière altérée, la forme exténuée, le mouvement égaré... Bon ! voici que mon esprit veut absolument se charger de tous les développements cruels qu'a subis l'esprit depuis la fin de l'Orient... Il en veut, mon esprit!... Mes deux sous de raison sont finis ! - L'esprit est autorité, il veut que je sois en Occident. Il faudrait le faire taire pour conclure comme je voulais.J'envoyais au diable les palmes des martyrs, les rayons de l'art, l'orgueil des inventeurs, l'ardeur des pillards ; je retournais à l'Orient et à la sagesse première et éternelle. - Il paraît que c'est un rêve de paresse grossière !Pourtant, je ne songeais guère au plaisir d'échapper aux souffrances modernes. Je n'avais pas en vue la sagesse bâtarde du Coran. - Mais n'y a-t-il pas un supplice réel en ce que, depuis cette déclaration de la science, le christianisme, l'homme se joue, se prouve les évidences, se gonfle du plaisir de répéter ces preuves, et ne vit que comme cela ! Torture subtile, niaise ; source de mes divagations spirituelles. La nature pourrait s'ennuyer, peut-être M. Prudhomme est né avec le Christ.N'est-ce pas parce que nous cultivons la brume ! Nous mangeons la fièvre avec nos légumes aqueux. Et l'ivrognerie ! et le tabac ! et l'ignorance ! et les dévouements ! - Tout cela est-il assez loin de la pensée de la sagesse de l'Orient, la patrie primitive ? Pourquoi un monde moderne, si de pareils poisons s'inventent !Les gens d'Eglise diront : C'est compris. Mais vous voulez parler de l'Eden. Rien pour vous dans l'histoire des peuples orientaux. - C'est vrai ; c'est à l'Eden que je songeais ! Qu'est-ce que c'est pour mon rêve, cette pureté des races antiques !Les philosophes : le monde n'a pas d'âge. L'humanité se déplace, simplement. Vous êtes en Occident, mais libre d'habiter dans votre Orient, quelque ancien qu'il vous le faille, - et d'y habiter bien. Ne soyez pas un vaincu. Philosophes, vous êtes de votre Occident.Mon esprit, prends garde. Pas de partis de salut violents. Exerce-toi ! - Ah ! la science ne va pas assez vite pour nous !- Mais je m'aperçois que mon esprit dort.S'il était éveillé toujours à partir de ce moment, nous serions bientôt à la vérité, qui peut-être nous entoure avec ses anges pleurant !... - S'il avait été éveillé jusqu'à ce moment-ci, c'est que je n'aurais pas cédé aux instincts délétères, à une époque immémoriale !... - S'il avait toujours été bien éveillé, je voguerais en pleine sagesse !...O pureté ! pureté !C'est cette minute d'éveil qui m'a donné la vision de la pureté ! - Par l'esprit on va à Dieu!Déchirante infortune !


Une Saison en Enfer

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quinta-feira, novembro 06, 2008

Alicerçando Poesia # 339 - Ruy Belo

A missão das folhas

Naquela tarde quebrada
contra o meu ouvido atento
eu soube que a missão das folhas
é definir o vento

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domingo, novembro 02, 2008

Alicerçando Poesia # - 338 - Pablo Neruda


O Vento na Ilha

O vento é um cavalo:
ouve como ele corre
pelo mar, pelo céu.

Quer me levar: escuta
como ele corre o mundo
para levar-me longe.

Esconde-me em teus braços
por esta noite erma,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.

Escuta como o vento
me chama galopando
para levar-me longe.

Como tua fronte na minha,
tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa levar-me.

Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
enquanto eu, protegido
sob teus grandes olhos,
por esta noite só
descansarei, meu amor.


TRADUÇÃO DE THIAGO DE MELLO - ANTOLOGIA POÉTCA, EDITORA LETRA & ARTES, RIO DE JANEIRO, 1964