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terça-feira, dezembro 28, 2004

Alicerçando Poesia # 38 - Emanuel de Sousa


xxxxxxxxEm cada dia há duas noites: uma para o sol outra para a lua. uma para o fogo outra para as cinzas. uma para a luz outra
para as sombras.

xxxxxxxxxxxxnão questiones qual delas é a tua. limita-te a olhar, sem procura. sem saberes. sem nada seres. como a rosa que de si não é curiosa.

xxxxxxxxpasso as noites. as horas afastam-se. atravesso o escuro. os silên-
cios soltam-se. procuro a saída. a voz. na desolação das sombras.
no espreitar dos dias.

Ariadne, Quetzal Editores, 1999





eu disse: tenho sede
tu disseste: nada sabes do destino das águas
eu disse: tenho medo
tu disseste: das águas nascem sedas
eu disse: por esse rio não vou
tu disseste: desliza na memória quente da seiva que nos agita
eu disse: é fundo o sentido da corrente
tu disseste: há tábuas onde o sol flutua
eu disse: nos tojos o orvalho escorre
tu disseste: e nele a vertigem da luz transitiva
xxxxxxxxxxa miragem dos paraísos vegetais
xxxxxxxxxxa razão da raíz
xxxxxxxxxxa lucidez do sol magnífico no
xxxxxxxxxxincontrolável desejo do olhar
eu disse: eu quero a água; eu quero a seda; eu vou no rio; eu sou a tábua
e tu disseste: eu sou o destino; eu sou a viagem; eu sou o sol; eu sou a mágoa

Eurídice, Quetzal Editores, 1989