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terça-feira, novembro 22, 2005

Alicerçando Palavras # 111 - Platão


Portanto, o que deveríamos nós pensar - disse - se, acontecesse de alguém ver o Belo em si absoluto, puro, não misturado e, de modo nenhum, contaminado por carnes humanas e por cores e por outras pequenezas mortais, mas pudesse contemplar como forma única o próprio Belo divino? Ou, porventura, tu considerarias - disse - que pouco valeria a vida de um homem que olhasse para lá e contemplasse aquele Belo com aquilo que se deve contemplar e permanecesse unido a ele? Não pensarás, antes - acrescentou -, que, aqui olhando para a beleza somente com aquilo com o que é visível, esse tal gerará não já puras imagens de virtude, pois já não se aproxima de uma pura imagem de belo, mas dará à luz virtudes verdadeiras, já que se aproxima do Belo Verdadeiro? E não acredites que, gerando e cultivando a virtude verdadeira, será querido aos deuses, e será, como nunca outro homem foi, também ele imortal?

Estas coisas, Fedro, e vós outros, disse-me Diotina, e eu fiquei convencido. E, assim persuadido, tratei de persuadir também os outros três que para atingir este objectivo não se poderia facilmente encontrar para a natureza humana melhor colaborador do que Eros.


Platão, Simpósio