#footer { width:660px; clear:both; margin:0 auto; } #footer hr { display:none; } #footer p { margin:0; padding-top:15px; font:78%/1.6em "Trebuchet MS",Trebuchet,Verdana,Sans-serif; text-transform:uppercase; letter-spacing:.1em; }

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Alicerçando Palavras # 96 - Enrique Vila-Matas


Gosto de me sentar nas esplanadas dos cafés de Paris, e também gosto de andar por esta cidade, andar às vezes durante toda uma tarde, sem rumo preciso, embora também não ao acaso, nem à aventura, mas procurando deixar-me levar. Às vezes apanhando o primeiro autocarro que pára à minha frente (como dizia Perec, não se pode apanhar o autocarro em andamento). Ou então caminhando deliberadamente pela rue de Seine para me assomar ao arco que dá para o Quai de Conti e ali descobrir a silhueta delgada da minha amiga La Maga parada no peitoril de ferro da Pont des Arts.

Gosto de Paris, da place de Furstemberg, o 27 da rue de Fleurus, o Museu Moreau, a campa de Tristan Tzara, as arcadas rosadas da rue Nadja, o bar Au Chien qui Fume, a fachada azul do Hotel Vaché, as bancas de livros nos cais. E sobretudo uma estrada secundária, perto do Castelo de Vincennes, onde há um modesto e antigo letreiro num poste que assinala, como se acabássemos de chegar a uma aldeia , que vamos entrar em Paris. Nesta cidade gosto muito de passar por um sítio que já não vejo há tempo. Mas também o contrário: passar por um pelo qual acabo de passar. Gosto tanto do que há em Paris, que a cidade nunca se acaba. Gosto muito de Paris porque não tem catedrais nem casas de Gaudí.


Vila- Matas, Enrique – Paris Nunca Se Acaba, Teoremas