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quinta-feira, abril 26, 2007

Alicerçando Poesia # 240 - Yannis Ritsos


Tradução de José Paulo Paes




Avaliação



Aquele que morreu era de fato superior,
único; deixou-nos uma excelente medida
para nos medirmos a nós próprios e sobretudo para medirmos
o nosso vizinho - este aqui, tão,
tão pequeno, o outro estreito, o terceiro
comprido como um varapau: nenhum
com o mínimo valor; nada, nada mesmo.
Somente nós sabemos utilizar condignamente
essa medida - mas de que medida falas? -
a de Nêmesis, a espada do Arcanjo;
já cuidamos de afiá-la e podemos agora,
um após outro, decapitá-los todos.



O Espaço Do Poeta



A escrivaninha negra com entalhes, os dois candelabros de prata,
o cachimbo vermelho. Está sentado, quase invisível, na poltrona,
com a janela sempre às suas costas. Por detrás dos óculos,
enormes e cautos, observa o interlocutor
à luz intensa, ele próprio oculto dentro de suas palavras,
dentro da História, com personagens seus, distantes, invulneráveis,
capturando a atenção dos outros nos delicados revérberos
da safira que traz num dedo, e alerta sempre para saborear-lhes as
expressões, nos momentos em que os tolos efebos
umedecem os lábios com a língua, admirativamente. E ele,
astuto, sôfrego, sensual, o grande inocente,
entre o sim e o não, entre o desejo e o remorso,
qual balança na mão de um deus, ele oscila por inteiro,
enquanto a luz da janela atrás lhe põe na cabeça
uma coroa de absolvição e santidade.
"Se a poesia não for a remissão - murmura a sós consigo -
não esperemos então misericórdia de ninguém".


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