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quinta-feira, outubro 09, 2008

Alicerçando Poesia # 334 - António Ramos Rosa


Quando o poema está completo desde o início
é porque o fogo já modelou a sua asa de mercúrio
e já está voando no âmbito sem rumo
para onde ele está no princípio e no fim

Essa asa é tão ágil que percorre o seu círculo
num só instante de fulgurante unidade
em que o que vai à frente já se encontra atrás
e o que era dois é já o um redondo

Não se pode prever esta viagem no indivisível
e no entanto o seu percurso é o idêntico o imutável
mas se o poema é a mutação constante das suas perspectivas
é porque o imutável é a mobilidade pura
que no seu movimento atinge a imobilidade completa

De igual modo o poema é a mutação do imóvel
e assim ele está em qualquer ponto do seu círculo
abrangendo o todo com a sua asa única
que equilibra com a outra asa ausente.


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