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quinta-feira, agosto 26, 2004

ALICERÇANDO PALAVRAS #3 - ALÇADA BAPTISTA

Do livro A Pesca à Linha Algumas Memórias de António Alçada Baptista dois excertos das suas PEQUENA HISTÓRIA.


Houve um certo equívoco entre a minha geração e Júlio Dantas, porque, vendo bem, ele não era mau escritor, mas o ter tomado uma posição tão agressiva contra o modernismo – o que deu origem ao Manifesto Anti-Dantas, do Almada – comprometeu-o, a ele e à Academia de que era Presidente perpétuo, no símbolo da antimodernidade para a geração seguinte e para a minha. Como tal entrou no anedotário da vida intelectual portuguesa.

Conta-se que, uma vez, à porta da Brasileira, estava o Santa-Rita Pintor, e o Júlio Dantas encaminhando-se para lá. O Santa-Rita cumprimentou-o assim:

- Como está Senhor Dantas Júlio?

Ele empertigou-se e disse-lhe muito sério:

- O meu nome é Júlio Dantas.

- Sim, mas o senhor está a vir daí para aqui e eu estou a vê-lo daqui para aí.


***


Um amigo, diplomata brasileiro, foi colocado na Embaixada do Brasil na Holanda. Chegou à noite e, logo na manhã seguinte, telefonou para a Embaixada para combinar com o Embaixador a sua apresentação. Atendeu o porteiro, um português imigrado que assegurava a guarda daquela casa.

O diplomata perguntou:

- O Senhor Embaixador esta?

- O Senhor Embaixador não está.

E, como ele sabia somo se compunha o quadro da Embaixada foi perguntando, um por um, pelos vários titulares. Não estava nenhum. Admirado perguntou:

- Então, de manhã não trabalham?

Resposta do porteiro:

- Não. De manhã não vêm. À tarde é que não trabalham.