Alicerçando Palavras # 97 - Peter Sheridan
Pareciam almas perdidas. Pessoas do campo a fazerem bicha à porta de uma casa de Dublim à procura de alojamento. Todos os meses de Novembro, podia-se resgatar almas perdidas do Purgatório e levá-las para o Céu rezando sete Pais-Nossos, sete Avé-Marias e sete Glórias. Depois de se ter salvo uma alma, tinha-se que se sair da igreja durante alguns minutos antes de voltarmos a entrar para salvar mais. A melhor das sensações era quando chegávamos à última oração e a porta do Céu começava a abrir-se. Conseguíamos vê-la com a nossa imaginação. A alma perdida podia vê-la de verdade, só que não sabia quem é que estava a abri-la. Julgava que era Deus. Estavam dez pessoas à nossa porta e só uma é que ia conseguir entrar. Perguntei aos meus botões para onde iriam as que perdiam. Mas não havia nada que eu pudesse fazer em relação a isso.
Peter Sheridan, Filhos de Dublim, Edições Asa
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