Alicerçando Palavras # 119 - Théodore Monod
Assim que o oásis, as suas casas, a sua vida fácil e confortável - pensem bem, uma cama, um queijo camembert, cadeiras, pão! - tiverem desaparecido no horizonte, será de novo a vida selvagem, elementar, brutal e completamente despojada mas, é preciso admiti-lo, perfeitamente salubre.
Sempre "agradável", não; são, sim, e cheia de ensinamentos para os "civilizados" que acabaram por confundir o acessório e o essencial, e por atulharem a sua existência com uma data de elementos artificiais, necessidades fictícias, inutilidades doentias, que consideram ingenuamente como o "indispensável".
O indispensável, o verdadeiro, não pesa muito, apenas trinta quilogramas por mês. É a racção do mearista: vinte quilogramas de trigo moído, um de aletria, cinco de açúcar, meio quilo de chá verde, dois litros de óleo. E pronto, aquilo que os europeus não sabem que chega para viver, e fazer prosperar - muitas vezes sem carne, sempre sem álcool - homens cuja existência quotidiana exige por vezes esforços físicos desmesurados.
MONOD, Théodore, Os Navegantes do Deserto, Publicações Europa-América
Etiquetas: Palavras
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