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quarta-feira, agosto 27, 2008

Alicerçando Palavras # 159 - Jorge Luís Borges


O Pelicano

O Pelicano da zoologia comum é uma ave aquática, com dois metros de envergadura, um bico muito comprido e largo, de cuja mandíbula inferior pende uma membraa avervelhada que forma uma espécie de bolsa para guardar o peixe; o da fábula é menor e o seu bico é pequeno e afiado. Fiel ao seu próprio nome, a plumagem do primeiro é branca, a do segundo é amarela e por vezes verde. Ainda mais singular que o seu aspecto são os seus hábitos.
Com o bico e as garras, a mãe acaricia os filhs com tanta devoção que os mata. Três dias depois chega o pai que, desesperado por vê-los mortos desata a bicar o peito. O sangue derramado pelas feridas fá-los ressuscitar. É assi que referem os bestiários, excepto São jerónimo num comentário ao Salmo 102 («Sou como um pelicano do deserto, sou como uma coruja do deserto»), que atribui a morte dos filhos à serpente. Que o pelicano fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os filhos é uma versao comum na fábula.
O sanue que dá vida aos mortos sugere a Eucaristia e a cru, e assim um verso célebe d'O Paríso (XXV, 113) chama «nosso Pelicano» a Jesus Cristo. O comentário latino de Benvenuto de Ímola esclarece: «Diz-se pelicano porque abriu o costado para nos salvar, como o pelicano que vivifica os filhos mortos com o sangue do seu peito. O pelicano é uma ave egípcia. »
A imagem do Pelicano é habitual na heráldica eclesiástica e ainda é gravada nos vasos sagrados. O bestiário de leonardo da Vinci define assim o pelicano: «Quer muito aos seus filhos e, encontrando-os nos ninhos mortos pelas serpentes, fustia o peito e, banhando-os com o seu sangue, fá-los voltar à vida».


O Livro dos Seres Imaginários



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