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quinta-feira, setembro 09, 2004

ALICERÇANDO POESIA #6 - ODYSSÉAS ELYTIS - 1911-1995




XIII


XXXXXXXXXXXXMinhas mãos manchadas de iniquidades, como abri-las?
Meus olhos cheios de carcereiros, como olhar com eles?
XXXXXXXXXXXXFilhos dos homens, que hei-de dizer?
A terra suporta horrores e a alma ainda mais.
XXXXXXXXXXXXBravo, primeira juventude minha e lábio indómito
que ensinaste o seixo da tormenta
XXXXXXXXXXXXe replicaste ao raio entre as tempestades!
Bravo, primeira juventude minha!
XXXXXXXXXXXXTanta serra me lançaste às raízes que o meu pensamento verdejou.
Tanta luz no sangue que meu amor adquiriu
XXXXXXXXXXXXo poder e o sentido do céu.
Puro estou de extremo a extremo,
XXXXXXXXXXXXutensílio imprestável às mãos da morte,
má presa nas unhas nas unhas dos grosseiros.
XXXXXXXXXXXXFilhos dos homens, que hei-de tremer?
Tirai-me minhas entranhas, que eu já cantei!
XXXXXXXXXXXXTirai-me o mar com os brancos ventos
a enorme janela cheia de limoeiros,
XXXXXXXXXXXXos abundantes trinos e aquela rapariga
cuja alegria me contentou com só tocá-la,
XXXXXXXXXXXXtirai-ma, que já cantei !
Tirai-me os sonhos, como os lereis?
XXXXXXXXXXXXTirai-me o pensamento, onde ireis dizê-lo?
Puro estou de extremo a extremo.
XXXXXXXXXXXXBeijando com a minha boca alegrei o corpo virgem.
Soprando com a minha boca colori a pele do mar.
XXXXXXXXXXXXConverti em ilhas todas as minhas ideias.
Exprimi um limão na minha consciência.



Tradução de: Manuel Resende


In, Louvado Seja, Assírio & Alvim, 2004