#footer { width:660px; clear:both; margin:0 auto; } #footer hr { display:none; } #footer p { margin:0; padding-top:15px; font:78%/1.6em "Trebuchet MS",Trebuchet,Verdana,Sans-serif; text-transform:uppercase; letter-spacing:.1em; }

domingo, novembro 14, 2004

Alicerçando Palavras # 17 - LetrasAoAcaso


DO NUNCA.


O devorar-me nos dias e noites consumido em espirais de fumo rodopiando em volta de nada já que o eixo concêntrico é inexistente e absorvido pela gula da intemporalidade que se quer tempo e espaço que sabemos não existirem torna-me num ser alado que paira por sobre o próprio corpo/matéria olhando-me com desdém do alto da sabedoria que odeio confessar.
Os passos:
Que vou dando a medo no escuro de uma rua crivada de crateras e sombras que se movem ao mesmo ritmo do que eu o que me prova a perseguição num perfeito arremedo de arremedo.
A noite:
Aparecida de um esconder de Sol algures por detrás da ténue linha do horizonte que curiosamente toma uma forma elíptica dando a falsa sensação de que tudo começa e acaba ali.
As estrelas:
Quais pequeníssimas luzes de uma cidade cosmológica plantada num espaço que se sabe infinito e inexistente porque infindável.
As nuvens:
Que pairam sobre esta cabeça perturbada com assimetrias e misérias humanas feitas por seres aparentemente iguais.
A raiva:
Que vai crescendo dentro deste peito dorido contra as injustiças e se torna fogo e grito silencioso porque a voz se recusa a articular sons que pertençam a quem explora.
[Conto tudo isto de cabeça abandonada no teu colo porque aí encontro a paz que nunca tenho]
As pálpebras:
Que teimam em se fechar para não terem de ver o sangue que entra pela casa dentro vindo da loucura de uns quantos com mãos manchadas e sofreguidão de notoriedade.
O Sol:
Que se escondeu talvez para dormir embalado nos braços da Lua que hoje se veste de tons amarelos/ouro e encontra nos seios desta a Paz que precisa para quando acordar iluminar as vidas quase vegetais da raça humana confinada a regras de trabalho escravo e tempos mortos preenchidos em eternas deslocações que inviabilizam o convívio e nos atiram para profundas solidões doentias a que apetece por fim com o acto corajoso do suicídio.

Esperança:
De saber-te de seios duros e mãos macias para me acolheres cabeça e cabelos…


In "Pisar o risco"
http://letrasaoacaso.weblog.com.pt/