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segunda-feira, maio 16, 2005

Alicerçando Palavras # 67 - Jorge de Sena


À noite fui à casa do Alentejo, à reunião promovida por Aquilino e Ferreira de Castro para se organizar a Associação dos Escritores. Muita gente, e quase todos os meus conhecidos. Até a Sophia estava. Após o Sr. Vitor Santos, da Casa, que presidia, ter dado a palavra ao Aquilino e ter sido lido pela Adelaide Félix o expediente, o Ferreira de Castro propõs a lista da Comissão Organizadora, que, dizia ele, tinha de tudo, novos e velhos, de todas as cores. Muito aclamado pela "claque", fazia-se enleado para ser incluído também. O Santos, então, propõe que a lista seja aprovada por aclamação. Intervim naquela ditatorial coisa, em que só havia palamas e louvaminhas, para lembrar que era preciso saber se estavam ali escritores e quem eram, pois que de outro modo não fazia sentido a aclamação da lista. Grande burburinho, mas no fim o livro das actas passou de mão em mão para as assinaturas. Aconteceu, porém, uma anedota espantosa: levanta-se um senhor, que disse chamar-se Aquilino Mendes, e declara que, em vista de eu pôr em dúvida se estavam ou não ali escritores (o que, evidentemente, eu também fizera para desmascarar infiltrações policiais ou disturbiosas) e de ele ter sido "nomeado" escritor pela convocatória que recebera, se demitia!!! - gargalhada geral.

Jorge de Sena, Diários, Caixotim Edições, 2004