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quarta-feira, julho 20, 2005

Alicerçando Poesia # 101 - Edmundo de Bettencourt 1899/1973


Consagração



Tinham desaparecido
as casas da cidade.
E havia agora uma praça,
donde a população olhava o céu, à espera.



O avião chegou.
Vinha sobre uma nuvem branca,
que irradiava aromas,
a claridade e a música, pelos ares...



O aviador de fora e à frente,
conduzia-o
e andava no ar como no chão!



De repente o avião desceu
vertiginosamente!



Caía...



E embora não se ouvisse explosão,
em baixo
um fumo negro, imenso, com destroços,
e o fogo, começaram subindo
à altura em que o avião pairava antes.



A multidão,
rápida,
como as águas duma enchente,
escoou-se...



Depois nais nada;
isto é:
somento uma infinita escuridão por sobre
a qual a palavra perdão jamais será escrita!





Luar



Apenas o luar chegou,
desfez-se em asas no ar.
E toda a noite levou
a regressar devagar...



Em noites alvas, de lua,
não há nudez com vergonha.
À luz do luar, o barro
é o mármore com que sonha.



À luz do luar, as aves
nocturnas,breve, enlanguescem
e, ao seu crepúsculo da sombra,
mortas de sonho adormecem...



Os silêncios do luar são
aléns de notas agudas,
são gritos paralisados
em rictos de bocas mudas!



O luar rouba ao escuro
o que de dia é segredo.
À luz do luar podemos
ver respirar o arvoredo...



Canção ouvida ao luar
não terá ritmos perdidos
- é som vivendo no olhar
- luz que fica nos ouvidos.



À luz do luar a água
soluça todas as dores,
que à luz do luar a água
tem na cor todas as cores.