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quinta-feira, setembro 22, 2005

Alicerçando Poesia # 121 - Bernardim Ribeiro 1480/1530(?)


Cantiga


Perdido e desterrado,
que farei? onde me irei?
depois de desesperado,
outra mor mágoa achei.


Desconsolado de mim,
em terra alheia alongado,
onde por remédio vim
e repairo do meu gado;
mas, ó mal-aventurado
de mim, sem consolação,
temo que há-de ser forçado,
pois que foi tam mal fadado,
matar-me com minha mão.


Que conta darei eu agora
a quem não ma há-de pidir?
Que desculpa porei ora
a quem não me há-de ouvir?
Frauta, dom da mais querida
que cobre esta noute escura,
frauta minha, sois perdida!
Façam-me uma sepultura,
que muito há que estou sem vida. [...]


Jano, esta é a cantiga,
ca a derradeira cri que era;
e, por sair da fadiga,
confesso-te que o quisera.
Mas, se a alam e entendimento
não morrem com o corpo, a mágoa
me ficará. Vamo-nos, que sento
que é tempo do gado ir à água;
também tem tempo o tromento.





ÉCLOGAS, Écloga de Jano e Franco