Alicerçando Palavras # 92 - São Bernardo - sec. XII
Os monstros das Igrejas
De resto, que faz nos nossos claustros, onde os irmãos estão a ler o Ofício, aquela ridícula monstruosidade, aquela espécie de estranha formosidade disforme e deformidade formosa? O que estão lá a fazer os imundos símios? E os ferozes leões? E os monstruosos centauros? Ou os semi-homens? Ou os machados tigres? Ou os soldados em combate? Ou os caçadores com as trombetas? Podem-se ver muitos corpos debaixo de uma mesma cabeça e, vice-versa, muitas cabeças sobre um único corpo. De um lado, vislumbra-se um quadrúpede com cauda de serpente, do outro, um peixe com cabeça de quadrúpede. Ali, uma besta tem o aspecto de cavalo e arrasta atrás meia cabra; aqui, um animal cornudo tem o traseiro de cavalo. Em suma, aparece por todo o lado uma tão grande e tão estranha variedade de formas heterogéneas que se experimenta mais gosto em ler os mármores do que os códices e em ocupar a jornada inteira admirando uma por uma as imagens do que meditando a lei de Deus. Ó Senhor, se não nos envergonhamos destas bambochatas, porque ao menos não nos lamentamos das despesas?
Apologiam ad Guillelmum
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