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sábado, junho 25, 2005

Alicerçando Poesia # 94 - Coventry Patmore 1823/1896


THE TOYS


Meu filhito, o dos olhos de quem sabe
muitas coisas, num ar de ser já grande,
pela sétima vez à minha lei
faltou; e eu bati-lhe, e com palavras
severas, sem beijá-lo, o despedi:
já lhe morreu a mãe, mais indulgente...
Mas em breve, caindo em mim, com pena
daquela enorme pena, e com receio
que o sono lhe fugisse, corro a vê-lo
no pequenino leito; adormecera
profundamente, as pálpebras sombrias,
as pestanas ainda humedecidas
pelo choro de há pouco... E então eu
com beijos essas lágrimas sequei
- mas outras lá deixei...


Pois na mesa ali junto do bercinho,
alinhara, com arte e devoção,
uma caixa de tentos, uma pedra
com azulados veios, um cristal
polido pelas ondas, seis ou sete
alvas conchas da praia, malmequeres,
e dois antigos cobres ferrugentos...
E fora assim, coitado,
nesse enleio de graça e de carinho,
que dera alívio ao pobre e magoado
do seu coraçãozinho...


Então a Deus a alma levantei...
e, chorando, lhe disse:
Meu Deus,
também nós desprezamos vossa Lei,
também nós homens a não entendemos
quantas e quantas vezes, e também
temos nossos brinquedos ilusórios...
Ah, quando nos julgardes, como Pai,
- a nós, que dia a dia sobrepomos
magras quimeras ao dever de irmãos,
- esses brinquedos vãos
também os perdoai
às crianças crescidas que nós somos!




In, Horas de Fuga, Edições Asa

Tradução de: Luiz Cardim