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quarta-feira, agosto 30, 2006

Alicerçando Fotos # 23





Norte da Bretanha - de dentro da Abadia de Beauport para o mar e as ilhas


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segunda-feira, agosto 28, 2006

Alicerçando Músicas # 1



Noturno n° 13, em dó menor, opus 48 n° 1, de Chopin,
com Arthur Rubinstein ao piano.



Finalmente parece que consegui!

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domingo, agosto 27, 2006

Alicerçando Poesia # 205 - Idea Vilariño (Uruguai)


El Amor

Un pájaro me canta
y yo le canto
me gorgojea al oído
y le gorgojeo
me hiere y yo le sangro
me destroza
lo quiebro
me deshace
lo rompo
me ayuda lo
levanto
lleno todo de paz
todo de guerra
todo de odio de amor
y desatado
gieme su voz y gimo
ríe y río
y me mira y lo miro
me dice y yo le digo
y me ama y lo amo
- no se trata de amor
damos la vida-
y me pide y le pido
y me vence y lo venzo
y me acaba y lo acabo.


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quinta-feira, agosto 24, 2006

Alicerçando Poesia # 204


Pássaro

A noite não é tua
Mas nos dias
– curtos demais para o vôo –
amadureces como um fruto.
Tuas asas seguem as estações.
É tua a curvatura da terra.



Quero Apenas

Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.

Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.


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segunda-feira, agosto 21, 2006

Alicerçando Fotos # 22



o mar e as algas de Roskoff - fotografia de hfm


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sexta-feira, agosto 18, 2006

Alicerçando Poesia # 203 - Gastão Cruz


Mezzo Forte

Percebes como cresce
a muralha da casa?
Ou pouco já te importa
a fronteira entre o externo
rumor e o ar que veste
o corpo quando

a velha pedra engrossa?
Respiras com a ânsia
incessante da máscara,
o rosto duplicado
que traz e que recebe
o gás da idade

O entendimento é um espaço
que decresce e renasce
em cada hausto


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domingo, agosto 13, 2006

Alicerçando Imagens # 101 - Grécia Antiga




Cup of Nestor, Museu de Ischia - Itália


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quarta-feira, agosto 09, 2006

Alicerçando Poesia # 202 - Casimiro de Brito


Com Pessoa no Martinho da Arcada


Também eu me sentei, anos a fio,
à mesa de Pessoa no Martinho
da Arcada e olhei para dentro do novelo
emaranhado da sua vida. Não há nada
para desenrolar, concluímos. Corriam
os anos setenta oitenta
e os meus dias eram uma concha recheada de
metáforas cotações enigmas letras
de câmbio câmbio de afectos graffitti estatísticas
enquanto nas ruas de Lisboa a revolução rolava
ao sabor das marés e das brisas agitadas
pelo patrão Vasques e por outras
abelhas mestras: "Governa quem é alegre(...)
para ser triste é preciso sentir".
Também eu tomei café
de costas viradas para o Tejo e encontrei
o meu sossego no desassossego de Soares
como se fôssemos o mesmo guarda-livros
cansado que descia a Rua Augusta e depois se dividia
em dois, ele a caminho da Rua da Madalena,
eu da Rua do Ouro,
onde escrevíamos apressadas sílabas no verso
dos papéis comerciais que nos pagavam
o pão. Do meu gabinete eu via o "lago azul" do Tejo,
ele não. O que mais me fascina
nesta fotografia
é a página que o poeta lê como se fosse
a mãe louca que embala um filho
morto. Uma tábua
"todos os papéis estão brancos"
"todas as mensagens se adivinham"
onde eu posso entrar e entrava nesses dias
quando me cansava de caminhar nas ruas baixas
que vão dar ao Cais das Colunas e então sentava-me
na sua cadeira e misturava
como se fossem obscuras folhas de café
as palavras dele e as minhas:


Sofro de não sofrer e sobre a morte
escrevo em seu trabalho de não saber
sofrer lavrando-a enquanto
a vida visito. Vivo ou finjo que vivo?
O discurso do corpo
canta, uma vaga aragem que sai fresca
do calor do dia e me faz
esquecer tudo e com as aves
resvalo e com os rios...
Incontáveis as vezes em que o meu cansaço
da bolsa e da vida,
dos ruídos da baixa e dos barcos que partiam
no azul nevoeiro
se aconchegava na página desconhecida
como se fosse um velho buraco de
família uma espécie de sono
metafórico uma imersão
em águas antigas que exerciam em mim
um vago domínio. E então eu lia
o que ele talvez ali estivesse
lendo: "Nem uma saudade já me resta
dos búzios à beira dos mares" e também eu me sentia
nesses momentos
o sócio minoritário de um pequeno comércio de poetas
sentados na bruma: havia um que buscava
o mar nos búzios, outro que partia para as praias onde
havia
búzios e ouvia o mar "só e calmo",
como quem habita um aroma paciente.
Também eu escrevi versos como se fossem lançamentos
de escrita, "como cuidado
e indiferença": havia que fundir-me,
entrar para dentro da areia
indizível; havia que pesar o ouro das palavras
sabendo que pesava
cinza. "O universo
não é meu", lia Pessoa na página em que não sei
o que lia, o universo "sou eu" — fonte
sonolenta
que se bebe a si própria
e mais nada. Também a mim
me doeu "a cabeça e o universo" nesses dias
em que fui abandonado à tona de água
como se a água tivesse um dentro e um fora
e os cabelos que me foram caindo não dissessem
que tudo são cabelos correndo como rios
um pouco loucos
de um lado para o outro — "uma vaga doença",
"um prenúncio de morte"
que não tem outro mistério além do mistério
de partirem barcos. Também eu
me sentei à mesa de Pessoa no Martinho
da Arcada enquanto lá fora chovia
"como se houvesse chovido(... )
desde a primeira página do mundo"
e o que faço agora é vê-lo estar lendo um nada
que é tudo basta olhar
para o olhar do amigo que sobre o poeta se debruça,
mudo. O enigma que vê outro enigma
no palco ainda verde
e já em ruína.


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segunda-feira, agosto 07, 2006

Alicerçando Poesia # 201 - Moacyr


Acromia

Até mesmo um álbum de fotos
alterna caleidoscópicos matizes
no folhear
distraído

Não sei o que acontece:

apenas o cinza irrompe
e célere vira fuligem
na certeza
da presença impossível.

Moacyr


Publicado com autorização do autor.

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sábado, agosto 05, 2006

Alicerçando Imagens # 100 - Albrecht Durer 1471-1528



Praying Hands


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quinta-feira, agosto 03, 2006

Alicerçando Poesia # 200 - Daniel Faria


Procuro o lento cimo da transformação
Um som imenso. O vento na árvore fechada
A árvore parada que não vem ao meu encontro.
Chamo-a com assobios, convoco os pássaros
E amo a lenta floração dos bandos.
Procuro o cimo de um voo, um planalto
Muito extenso. E amo tanto
A árvore que abre a flor em silêncio.


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terça-feira, agosto 01, 2006

Alicerçando Poesia # 199 - Rafael Alberti - 1902/1999


Los niños de Extremadura



Los niños de Extremadura
van descalzos.
¿ Quien les robó los zapatos?



Les hiere el calor y el frío.
¿ Quién les rompió los vestidos?



La lluvia
les moja el sueño y la cama.
¿ Quién les derribó la casa?



No saben
los nombres de las estrellas.
¿ Quién les cerró las escuelas?




Los niños de Extremadura
son serios.
¿ Quién fue el ladrón de sus juegos?


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