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terça-feira, dezembro 30, 2008

Até para o ano


Um bom 2009 com o que cada um mais desejar.

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sexta-feira, dezembro 26, 2008

Alicerçando Poesia # 348 - Ana Luísa Amaral


Quarto crescente


Porque vejamos: uma lua destas
já nem lua é. A lua quer - se grande,
leitosa, apontável às crianças:
olha o homem da lua, os olhos, a

vassoura. Mas uma lua destas,
desfazendo - se em sombras, um ar
de quem passou o dia em claro
já nem lua é. Que não exija então

o impossível, que não se finja
a sério a pedir versos e algum olhar:
o poeta não usa telescópio,
nem se vai acordar uma criança
por gomos de luar

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terça-feira, dezembro 23, 2008




Quando das mãos se libertarem
os afectos, então,
o Natal será.



Para os amigos e companheiros de blogagens assim como para todos que compartilhem este espaço um bom Natal e, mesmo em tempo de crise, que dentro do sapatinho haja muitos afectos.

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segunda-feira, dezembro 22, 2008

Alicerçando Palavras # 173 - Samuel Beckett

Pois só há uma maneira de falar de nada, é falar de nada como se fosse alguma coisa, tal como só há uma maneira de falar de Deus, é falar dele como se fosse um homem, o que, é claro, ele foi, em certo sentido, por uns tempos, e só há uma maneira de falar do homem, e isso até os nossos antropólogos perceberam, é falar dele como se fosse uma térmita.

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sexta-feira, dezembro 19, 2008

Alicerçando Poesia # 347 - Daniel Faria


Entrei na sombra como alguém que via
Entrei devagar no ritmo de um salmo
E havia luz
Era uma luz como uma árvore quando cresce
E estando em flor era um dia inteiro
Entrei como sombra pela cintura como algo conquistado
Com o sangue a escorrer-me para os pés. Mas mesmo
Que não sangrasse eu entrava em triunfo
Inteiramente vencido.
Entrei para um laço sem saída porque era um nó aberto
E tinha os pés regados pelo sangue que dá vida
Tinha umas sandálias de sangue para caminhar livre
Entrei em morte sucessiva no que vive
Era a luz de uma árvore quando cresce
E se ensombra para não ficar sozinha

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segunda-feira, dezembro 15, 2008

Alicerçando Poesia # 346 - Eugénio de Andrade


Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria -
por mais amarga.

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quinta-feira, dezembro 11, 2008

Alicerçando Palavras # 172 - Carlos de Oliveira

Pego na folha de papel, onde o bolor do poema se infiltrou levanto-a contra a luz, distingo a marca de água (uma ténue figura emblemática) e deixo-a cair. Quase sem peso, embate na parede, hesita paira como as folhas das árvores no outono (o mesmo voo morto vegetal) e poisa sobre a mesa para ser o vagaroso estrume doutro poema.

antologia poética, Ed. Quasi

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terça-feira, dezembro 09, 2008

Alicerçando Poesia # 345 - Ana Hatherly



No seu jardim feito de tinta...

com insólita serenidade
o poeta percorre as áleas da memória
e caminhando por entre signos
contempla a distracção nula do tempo
o paradoxo incrível do ser
a ferida íntima da alma

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domingo, dezembro 07, 2008

Alicerçando Palavras # 171 - Robert Musil


A nossa época transporda de energia. Só conseguimos ver actos e nenhum pensamento. Esta energia terrível provém de não termos nada em que nos ocuparmos. Interiormente, quero eu dizer. Mas, afinal, o homem não faz anais do que repetir, durante toda a vida, um só acto: ingressa numa profissão e progride nela. É tão simples ter força para agir e tão difícil encontrar um sentido para a acção! Hoje muito pouca gente compreende isto. Por isso os homens de acção se assemelham a jogadores de berlinde que assumissem as posições de Napoleão para derrubar nove mecos de madeira! Não me admiraria até se acabassem por chegar a vias de facto, unicamente para ver passar por cima das suas cabeças este mistério incompreensível: ou seja que todas as acções do mundo nunca são suficiente!

O Homem sem Qualidades



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quinta-feira, dezembro 04, 2008

Alicerçando Poesia # 344 - Manuel Alegre

Naquele dia

Havia dentro das palavras
multidões a correr em cada imagem
praças cheias de versos e versos cheios de
gente. Havia uma rua pela página acima
e folhas e folhas pela rua. Ou talvez letras.
Ou talvez rimas. Havia o teu rosto
na cidade. Ou talvez a cidade no teu rosto.
Havia naquele dia o que
se via e não se via. E só se ouvia
o que não se
ouvia.
Era uma surda obsessiva
litania. Ou talvez
poesia.

Foz do Arelho, Julho de 2001



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terça-feira, dezembro 02, 2008

Alicerçando Palavras # 170 - Marguerite Duras


A escrita é o desconhecido. Antes de escrever não sabemos nada acerca do que vamos escrever. Com toda a lucidez.
É o desconhecido de nós mesmos, da nossa cabeça, do nosso corpo. Não é sequer uma reflexão, escrever é uma espécie de faculdade que temos ao lado da nossa pessoa, paralelamente a ela, de uma outra pessoa que aparece e que avança, invisível, dotada de pensamento, de cólera, e que, por vezes, pelos seus próprios factos, está em perigo de perder a vida.
Se soubéssemos alguma coisa do que vamos escrever, antes de o fazer, antes de escrever, nunca escreveríamos. Não valeria a pena.
Escrever é tentar saber aquilo que escreveríamos se escrevêssemos - só o sabemos depois - antes, é a interrogação mais perigosa que nos podemos fazer. Mas é também a mais corrente.



Escrever