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sexta-feira, junho 29, 2007

Alicerçando Poesia # 250 - Cesare Pavese


"Verrà La Morte..."

Virá a morte e terá os teus olhos
esta morte que nos acompanha
da manhã à noite, insone,
surda, como um velho remorso
ou um vício absurdo. Os teus olhos
serão uma palavra vã,
um grito emudecido, um silêncio.
Assim os vejo todas as manhãs
quando sobre ti te inclinas
ao espelho. Ó cara esperança,
nesse dia saberemos também nós,
que és a vida e és o nada.

Para todos a morte tem um olhar.
Virá a morte e terá os teus olhos.
Será como deixar um vício,
como ver no espelho
re-emergir um rosto morto,
como ouvir lábios cerrados.
Desceremos ao vórtice mudo.


Tradução de Jorge de Sena

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segunda-feira, junho 25, 2007

Alicerçando Imagens # 112 - Hermann Hesse



aguarela


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terça-feira, junho 19, 2007

Alicerçando Poesia # 249 - Bertold Brecht

Perguntas de Um Operário Letrado


Quem construi Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis.
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída.
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China, para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou, Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a Guerra dos Sete Anos.
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias.
Quantas perguntas.

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domingo, junho 17, 2007

Alicerçando Poesia # 248 - Eduardo Pitta


Temos sido espectadores
de um tempo rarefeito.

Tudo nos inibe
e tolhe o passo.

E mesmo somos o intruso
na querela.


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quinta-feira, junho 14, 2007

Alicerçando Poesia # 247


um velho
com uma lágrima no rosto
a borboleta provou o sal.

[haiku de autor desconhecido]


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domingo, junho 10, 2007

Alicerçando Vídeos # 1



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segunda-feira, junho 04, 2007

Alicerçando Poesia # 246 - Amparo Osorio - Bogotá, Colombia


Derrumbe

Se acumulan los días, los años
la erosión de la vida
nos echa encima su balandra y vamos
hacia el despeñadero.
Pasa la sombra... pasa y mira
y vuelve a acomodarse.
Una luz de farol bordea la penumbra.
Es la ciudad: me digo.
La sombra se adelanta
no quiere compartir mis pensamientos
pero lee la esquina, los escombros
los pasos solitarios y el eco de esos pasos
mucho antes que sorprendan a mi cuerpo.
El funerario pájaro del tiempo
aletea en el aire.
Las ruinas del amor se precipitan.
Quiero cerrar los ojos.
Quiero
que sólo el viento pase
y nos lea el poema de la errancia,
que nos diga al oído
sobre la honda pena que hoy irrumpe
en el alma del saxo.
que el viento,
sólo el viento...


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sábado, junho 02, 2007

Alicerçando Palavras # 127


"Arauto do modernismo? Revolucionário da forma poética? Missionário místico do Quinto Império? Precursor do existencialismo e da "hora absurda"? Filósofo da transcendência? Indisciplinador de almas? Iniciado nos mistérios? Mestre do ocultismo? Republicano de uma anarquia aristocrática? Possesso da despersonalização? Fingidor da literatura e da vida? Mais verdadeiro como Álvaro de Campos do que como Ricardo Reis? Mais sincero como Alberto Caeiro do que como Bernardo Soares? E quem são C. Pacheco, Carlos Otto, Vicente Guedes, os seus menos expressivos heterónimos?

Máscaras, máscaras, sempre máscaras. Máscaras ou caminhos? Máscaras ou realidades de um ser tão raro e complexo que nunca poderia cingir-se ao caminho único, limitado, singelo de uma pessoa? Máscaras ou formas de uma sabedoria penosamente arrancada a si mesmo e aos fados que só um corpo dão, mesmo ao ansioso de todos os espaços, de todos os tempos, de todas as vidas?"


(Extracto do livro de ANTÓNIO QUADROS, FERNANDO PESSOA, EDITORA ARCÁDIA, LISBOA, P.9)



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