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terça-feira, fevereiro 28, 2006

Alicerçando Poesia # 176 - Basil Bunting


Gin the Goodwife Stint


The ploughland has gone to bent
and the pasture to heather;
gin the goodwife stint,
she'll keep the house together.

Gin the goodwife stint
and the bairns hunger
the Duke can get his rent
onr year longer.

The Duke can get his rent
and we can get our ticket
twa pund emigrant
on a C.P.R. packet.


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domingo, fevereiro 26, 2006

Alicerçando Palavras e Imagens # 3 - Bridget Riley







Inspiro-me na natureza, trabalho com a natureza, mas de maneira completamente diferente. Para mim, a natureza não é uma paisagem, mas sim o dinamismo de forças visuais - é mais um acontecimento do que uma aparência.

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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Alicerçando Poesia # 175 - Rubén Dario


Canción de carnaval

Musa, la máscara apresta,
ensaya un aire jovial
y goza y ríe en la fiesta
del Carnaval.

Ríe en la danza que gira,
muestra la pierna rosada,
y suene, como una lira,
tu carcajada.

Para volar más ligera
ponte dos hojas de rosa,
como hace tu compañera
la mariposa.

Y que en tu boca risueña,
que se une al alegre coro,
deje la abeja porteña
su miel de oro.

Únete a la mascarada,
y mientras muequea un clown
con la faz pintarrajeada
como Frank Brown;

mientras Arlequín revela
que al prisma sus tintes roba
y aparece Pulchinela
con su joroba,

di a Colombina la bella
lo que de ella pienso yo,
y descorcha una botella
para Pierrot.

Que él te cuente cómo rima
sus amores con la Luna
y te haga un poema en una
pantomima.

Da al aire la serenata,
toca el auro bandolín,
lleva un látigo de plata
para el spleen.

Sé lírica y sé bizarra;
con la cítara sé griega;
o gaucha, con la guitarra
de Santos Vega.

Mueve tu espléndido torso
por las calles pintorescas,
y juega y adorna el Corso
con rosas frescas.

De perlas riega un tesoro
de Andrade en el regio nido,
y en la hopalanda de Guido,
polvo de oro.

Penas y duelos olvida,
canta deleites y amores;
busca la flor de las flores
por Florida:

Con la armonía te encantas
de las rimas de cristal,
y deshojas a sus plantas,
un madrigal.

Piruetea, baila, inspira
versos locos y joviales;
celebre la alegre lira
los carnavales.

Sus gritos y sus canciones,
sus comparsas y sus trajes,
sus perlas, tintes y encajes
y pompones.

Y lleve la rauda brisa,
sonora, argentina, fresca,
¡la victoria de tu risa
funambulesca!


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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Alicerçando Poesia # 174 - Gabriel Celaya - Espanha - 1911/1991


Biografia

Não pegues na colher com a mão esquerda.
Não ponhas os cotovelos na mesa.
Dobra bem o guardanapo.
Isso, para começar.

Extraia a raíz quadrada de três mil trezentos e treze.
Onde fica o Tanganica? Em que ano nasceu Cervantes?
Dou-lhe um zero em comportamento se falar com o seu colega.
Isso, para continuar.

Parece-lhe decente que um engenheiro faça verso?
A cultura é um enfeite e o negócio é o negócio.
Se continuas com essa moça fechamos-te a porta.
Isso, para viver.

Não sejas tão louco. Sê educado. Sê correcto.
Não bebas. Não fumes. Não tussas. Não respires.
Aí, sim, não respirar! Dar o não a todos os nãos.
E descansar: morrer.


Tradução de José Bento



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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Alicerçando Imagens e Palavras # 2 - Victor Vasalery







A arte é artificial e não é nada natural. Criar uma obra de arte não significa que se está a imitar a natureza, mas sim que estamos em pé de igualdade com ela e que até a ultrapassamos utilizando meios que, de entre todos os seres vivos, só são acessíveis ao homem.

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terça-feira, fevereiro 21, 2006

Alicerçando Palavras # 99 - Marguerite Yourcenar


Cada escritor traz dentro de si apenas um número determinado de seres. Em vez de os representar como novas personagens, que não seriam mais do que velhas personagens com nomes diferentes, senti-me mais inclinada a aprofundar, desenvolver e alentar esses seres com os quais já estava habituada a viver, passando a conhecê-los melhor à medida que fui aprendendo mais sobre a vida e como melhorar um mundo que já era meu.

Apontamentos sobre Memórias de Adriano – Marguerite Yourcenar



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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Alicerçando Poesia # 173 - Cecília Meireles


Desejo de Regresso


Deixai-me nascer de nôvo,
nunca mais em terra estranha,
mas no meio do meu povo,
com meu céu, minha montanha,
meu mar e minha família.



E que na minha memória
fique esta vida bem viva,
para contar minha história
de mendiga e de cativa
e meus suspiros de exílio.


Porque há doçura e beleza
na amargura atravessada,
e eu quero a memória acesa
depois da angústia apagada.
Com que afeição me remiro!


Marinheiro de regresso
com seu barco pôsto a fundo,
às vezes quase me esqueço
que foi verdade êste mundo.
(Ou talvez fosse mentira...)



Mar Absoluto



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sábado, fevereiro 18, 2006

Alicerçando Palavras e Imagens # 1 - François Morellet







Escolhi a geometria devido à sua neutralidade, ao sistema que me faria limitar a natureza arbitrária das minhas decisões.

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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Alicerçando Poesia # - 172 - Yao Jingming


Não me acordes

A noite deita-se comigo
na fenda do tempo

Os dedos do luar
penteando os cabelos do sonho

Oh, meu amor
podes passar pelo meu sonho
podes ficar no meu sonho
mas não me acordes


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terça-feira, fevereiro 14, 2006

Alicerçando Poesia # 171 - Luís Miguel Nava


O Céu

Assoam-se-me à alma quem
como eu traz desfraldado o coração sabe o que querem
dizer estas palavras.
A pele serve de céu ao coração.


segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Alicerçando Palavras # 98 - Maria Gabriela Llansol


Abel sentou-se no chão. Via Sara de perfil, debruçada sobre o alguidar em que a brancura dos pratos purificava a água suja.
- Sara, tudo o que existe faz aumentar a luz.
- Como?
- Metes as mãos na água ela sobe no alguidar. Metes nesta casa uma cama, um armário e a luz também tem de aumentar. Tem de ir para algum sítio a luz que já não está no lugar da cama e do armário.
- Mas não é assim.
- Não. Pensei isto de manhã, enquanto guiava a camioneta.
Sara sentou-se também no chão, em frente de Abel. Os seus pés não tinham meias, nem sapatos.
As palavras "Sara, tudo o que existe faz aumentar a luz", " Metes nesta casa uma cama, um armário e a luz também tem de aumentar", eram o vidro que desunia os corpos de Sara e Abel.


excerto de O Chão das Três Árvores

in Os Pregos na Erva, 1962, 2ª ed: edições Rolim, 1987



sábado, fevereiro 11, 2006

Alicerçando Poesia # 170 - Daniel Faria


Explicação da ausência

Desde que nos deixaste o tempo nunca mais se transformou
Não rodou mais para a festa não irrompeu
Em labareda ou nuvem no coração de ninguém.
A mudança fez-se vazio repetido
E o a vir a mesma afirmação da falta.
Depois o tempo nunca mais se abeirou da promessa
Nem se cumpriu
E a espera é não acontecer – fosse abertura –
E a saudade é tudo ser igual.



in Explicação das árvores e de outros animais, Fundação Manuel de Leão, 1998



sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Alicerçando Imagens # - 96 - Ana Hatherly



Fotografia tirada na Assembleia da República na exposição O Poder da Arte.


quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Alicerçando Palavras # 97 - Peter Sheridan


Pareciam almas perdidas. Pessoas do campo a fazerem bicha à porta de uma casa de Dublim à procura de alojamento. Todos os meses de Novembro, podia-se resgatar almas perdidas do Purgatório e levá-las para o Céu rezando sete Pais-Nossos, sete Avé-Marias e sete Glórias. Depois de se ter salvo uma alma, tinha-se que se sair da igreja durante alguns minutos antes de voltarmos a entrar para salvar mais. A melhor das sensações era quando chegávamos à última oração e a porta do Céu começava a abrir-se. Conseguíamos vê-la com a nossa imaginação. A alma perdida podia vê-la de verdade, só que não sabia quem é que estava a abri-la. Julgava que era Deus. Estavam dez pessoas à nossa porta e só uma é que ia conseguir entrar. Perguntei aos meus botões para onde iriam as que perdiam. Mas não havia nada que eu pudesse fazer em relação a isso.

Peter Sheridan, Filhos de Dublim, Edições Asa



terça-feira, fevereiro 07, 2006

Alicerçando Poesia # 169 - Ivan Krylov 1769/1844


Le Coffret


Assez souvent on s’imagine
Devoir chercher, peiner longtemps,
Quand il suffit que l’on devine
Et qu’on s’y prenne simplement.


Quelqu’un reçut un jour, fait d’une main de maître,
Un coffret qu’aussitôt tout le monde admira.
Quel fini ! Mais voilà qu’en la pièce pénètre
Un Sage de la Mécanique. Il s’exclama :
« Il n’a pas de serrure,
C’est que là vous avez un coffret à secret.
Mais, bonnes gens, soyez en sûrs,
Ce secret je l’aurai, j’ouvrirai le coffret :
En mécanique je suis fort. Me voici prêt.
Ne riez pas ainsi sous cape. »
Et donc il s’attaque au coffret,
Le prend, le retourne, le tâte,
S’énerve dans sa hâte :
Il appuit sur un clou, un autre et puis sur quoi ?
Une poignée peut-être.



xxx x xxx



Les gens chuchotent, rient entre eux, hochent la tête,
Avec des « pas là », « pas comme ça » !
Et l’Homme de la Mécanique y met sa science,
Toute sa science et s’acharne et transpire. Ah ! vrai,
Il n’en peut plus, il perd patience,
Il abandonne le coffret,
Sans trouver à l’ouvrir en dépit de son zèle :
Car le coffret s’ouvrait de façon naturelle.





La poésie russe, édition bilingue par Elsa Triolet, Seghers, Paris, 1971, tome II


domingo, fevereiro 05, 2006

Alicerçando Poesia # 168 - Jacques Prévert


Le Cancre


Il dit non avec la tête
mais il dit oui avec le coeur
il dit oui à ce qu'il aime
il dit non au professeur
il est debout
on le questionne
et tous les problèmes sont posés
soudain le fou rire le prend
et il efface tout
les chiffres et les mots
les dates et les noms
les phrases et les pièges
et malgré les menaces du maître
sous les huées des enfants prodiges
avec des craies de toutes les couleurs
sur le tableau noir du malheur
il dessine le visage du bonheur.



PAROLES, EDITIONS GALLIMARD, 1972, P. 65



sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Alicerçando Imagens # 95 - Giorgio Morandi 1890/1964



The Blue Vase, Still Life, 1920, óleo sobre tela, 45,5 x 52cm


quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Alicerçando Poesia # 167 - Al-Mutamid


Breve será vencedora
a morte com esta paixão
se não cessas coração
esta dor que me devora.
ausente minha senhora
mil cuidados me dão guerra.
não logro paz cá na terra,
e o sono, que invoco em vão,
com a sua doce mão
nunca as pálpebras me cerra.


quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Alicerçando Palavras # 96 - Enrique Vila-Matas


Gosto de me sentar nas esplanadas dos cafés de Paris, e também gosto de andar por esta cidade, andar às vezes durante toda uma tarde, sem rumo preciso, embora também não ao acaso, nem à aventura, mas procurando deixar-me levar. Às vezes apanhando o primeiro autocarro que pára à minha frente (como dizia Perec, não se pode apanhar o autocarro em andamento). Ou então caminhando deliberadamente pela rue de Seine para me assomar ao arco que dá para o Quai de Conti e ali descobrir a silhueta delgada da minha amiga La Maga parada no peitoril de ferro da Pont des Arts.

Gosto de Paris, da place de Furstemberg, o 27 da rue de Fleurus, o Museu Moreau, a campa de Tristan Tzara, as arcadas rosadas da rue Nadja, o bar Au Chien qui Fume, a fachada azul do Hotel Vaché, as bancas de livros nos cais. E sobretudo uma estrada secundária, perto do Castelo de Vincennes, onde há um modesto e antigo letreiro num poste que assinala, como se acabássemos de chegar a uma aldeia , que vamos entrar em Paris. Nesta cidade gosto muito de passar por um sítio que já não vejo há tempo. Mas também o contrário: passar por um pelo qual acabo de passar. Gosto tanto do que há em Paris, que a cidade nunca se acaba. Gosto muito de Paris porque não tem catedrais nem casas de Gaudí.


Vila- Matas, Enrique – Paris Nunca Se Acaba, Teoremas