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domingo, abril 30, 2006

Alicerçando Poesia # 189 - Aristide Bruant



Les Canuts

Paroles et Musique: Aristide Bruant 1955
Cantor: Yves Montand

Pour chanter Veni Creator
Il faut une chasuble d'or
Pour chanter Veni Creator
Il faut une chasuble d'or
Nous en tissons pour vous, grands de l'église
Et nous pauvres canuts, n'avons pas de chemise
C'est nous les canuts
Nous sommes tout nus !
Pour gouverner, il faut avoir
Manteaux ou rubans en sautoir.
Pour gouverner, il faut avoir
Manteaux ou rubans en sautoir.
Nous en tissons pour vous grands de la terre
Et nous, pauvres canuts, sans drap on nous enterre
C'est nous les canuts
Nous sommes tout nus !

Mais notre règne arrivera
Quand votre règne finira :
Mais notre règne arrivera
Quand votre règne finira :
Nous tisserons le linceul du vieux monde,
Car on entend déjà la révolte qui gronde
C'est nous les canuts
Nous n'irons plus nus !
C'est nous les canuts
Nous n'irons plus nus !


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quinta-feira, abril 27, 2006

Alicerçando Poesia # 188 - Paul Eluard


Anneau de Paix


J'ai passé les portes du froid
Les portes de mon amertume
Pour venir embrasser teslèvres


Ville réduite à notre chambre
Où l'absurde marée du mal
Laisse une écume rassurante


Anneau de paix je n'ai que toi
Tu me réapprends ce que c'est
Qu'un être humain quand je renonce


A savoir si j'ai des semblables


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terça-feira, abril 25, 2006

Alicerçando Poesia # 187 - Cecília Meireles


Realização da Vida



Não me peças que cante,
pois ando longe,
pois ando agora
muito esquecida.


Vou mirando no bosque
o arroio claro
e a provisória
flor escondida.


E procuro minha alma
e o corpo, mesmo,
e a voz outrora
em mim sentida.


E me vejo sòmente
pequena sombra
sem tempo e nome,
nisto pedida


- nisto que se buscara
pelas estrêlas,
com febre e lágrimas,
e que era a vida.


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sábado, abril 22, 2006

Alicerçando Fotos # 20



hfm





Sempre que há vendaval penso nela e é com apreensão que a visito no dia seguinte. Por enquanto é uma resistente.

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quinta-feira, abril 20, 2006

Alicerçando Palavras # - Mia Couto


Perguntas à Língua Portuguesa


Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.

A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o vôo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem, é idimensões? Assim, embarco nesse gozo de ver como a escrita e o mundo mutuamente se desobedecem.

Meu anjo da guarda, felizmente, nunca me guardou.

Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica.

Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulburbio.

No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.

Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?

Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:

Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?

No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?

A diferença entre um às no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?

O mato desconhecido é que é o anonimato?

O pequeno viaduto é um abreviaduto?

Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente?

Quem vive numa encruzilhada é um encruzilheu?

Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?

Tristeza do boi vem dele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?

O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?

Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?

Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?

Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?

Mulher desdentada pode usar fio dental?

A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?

As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?

Um tufão pequeno: um tufinho?

O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?

Em águas doces alguém se pode salpicar?

Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?

Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?

Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?

Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?

Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocamos essoutro português - o nosso português - na travessia dos matos, fizemos que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.

Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas - o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos. Devolver a estrela ao planeta dormente.

11/04/1997



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terça-feira, abril 18, 2006

Alicerçando Palavras e Imagens # 11 - Guillaume Apollinaire (texto) Picasso (palavras)







Em 1908, Picasso expôs alguns quadros onde se viam desenhadas casas de aspecto simples e sólido que criavam a ilusão de se tratar de cubos - daí o nome da nossa mais jovem escola de pintura. Esta escola suscitou já arrebatadas discussões.

O Cubismo não pode ser considerado uma doutrina sistemática; no entanto, constitui uma escola, e os pintores que representam esta escola querem transformar a sua arte por meio de um retorno aos princípios originais no que respeita ao traço e à inspiração, tal como os fauvistas - e muitos cubistas foram anteriormente fauvistas - retornaram aos princípios originais no que respeita à cor e à composição.


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segunda-feira, abril 17, 2006

Alicerçando Poesia # 186 - Sophia de Mello Breyner


Pudesse Eu


Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!



POESIA, ANTOLOGIA, MORAES EDITORES, 1970, P. 18



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terça-feira, abril 11, 2006

Alicerçando Palavras # 107 - Fernando Pessoa


PALAVRAS DE PÓRTICO *


NAVEGADORES ANTIGOS tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."


Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que sou: Viver não é preciso; o que é necessário é criar.


Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) e lenha dêsse fogo.


Só quero torná-la de tôda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.


Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.


É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.



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* Nota solta; não assinada; sem data; inédito.


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Uma boa Páscoa para todos, voltaremos a ler-nos na próxima semana.

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segunda-feira, abril 10, 2006

Alicerçando Palavras e Imagens # 10 - Giorgio De Chirico







No que me diz respeito, sou calmo e ornamento-me a mim com três palavras que desejo ser o cunho da minha obra: Pictor classicum sum

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sábado, abril 08, 2006

Alicerçando Poesia # 185 - Antônio Cícero

A MORTE DE ARQUIMEDES DE SIRACUSA



Os equilíbrios dos planos, as quadraturas
das parábolas, os cálculos da areia,
das esferas, dos cilindros e das estrelas:
nada do que realizei se encontra à altura
do que há por fazer. A matemática é longa,
a vida breve; e logo agora Siracusa,
sitiada, quer alavancas, catapultas,
dispositivos catóptricos, cuja obra
suga meu sangue, que é meu tempo. Por milagre,
hoje deixaram-me em paz. Na garganta trago
intuições por formular: áspero e amargo
pássaro engasgado. Nas paredes não cabe
mais diagrama algum. Traço-os no chão do períbolo,
na terra. Quem vem lá? Não pises nos meus círculos!



Este belíssimo poema foi-me enviado pela minha amiga Eneida a quem agradeço.

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sexta-feira, abril 07, 2006

Alicerçando Poesia # 184 - António Ramos Rosa


SEIS POEMAS DA TERRA

Ó verde caminho de ouro,
pequeno na memória
de duas lágrimas.

Bebo pelos olhos as linhas
desse caminho de vinho.

Terra nos joelhos
quente
até às axilas.

Terra como um mar
e montes
palmas de simplicidade bêbeda
terra nas mãos seios
de alegria.

Em pé de borco sobre a terra.


Abro os olhos
e a terra é verde.

Enlaço troncos
e o mundo é meu.
Beijo folhas
e o amor é meu.


Vinho contido em si mesmo
por ti bebo o vinho do teu corpo.


Bebo a terra pelos ombros.

É uma claridade de página
matinal.


Estou deitado em ti como na terra.
Respiro a suavidade de um monte.


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quarta-feira, abril 05, 2006

Alicerçando Palavras e Imagens # 9 - Georges Braque 1882/1963



O clarinete, 1912, óleo e areia sobre tela, 91,4 x 64,5cm, Peggy Guggenheim Collection.




Não permite qualquer ideia pré-concebida. A pintura é sempre uma aventura. Quando sou confrontado com as telas nuas, nunca sei como vão evoluir. É um risco que temos de correr. Nunca tenho uma visão do quadro até começar a pintá-lo. Ao contrário, só penso que o meu quadro está acabado quando a ideia original está completamente extinta.

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terça-feira, abril 04, 2006

Alicerçando Palavras # 106 - Marguerite Yourcenar


O amor de alguém é um presente tão inesperado e tão pouco merecido que devemos espantar-nos que não no-lo retirem mais cedo. Não estou inquieto por aqueles que ainda não conheces, ao encontro de quem vais e que porventura te esperam: aquele que eles vão conhecer será diferente daquele que eu julguei conhecer e creio amar. Não se possui ninguém (mesmo os que pecam não o conseguem) e, sendo a arte a única forma de posse verdadeira, o que importa é recriar um ser e não prendê-lo. Gherardo, não te enganes sobre as minha lágrimas: vale mais que os que amamos partam quando ainda conseguimos chorá-los. Se ficasses, talvez a tua presença, ao sobrepor-se-lhe, enfraquecesse a imagem que me importa conservar dela. Tal como as tuas vestes não são mais que o invólucro do teu corpo, assim tu também não és mais para mim do que o invólucro de um outro que extraí de ti e que te vai sobreviver. Gherardo, tu és agora mais belo que tu mesmo.
Só se possuem eternamente os amigos de quem nos separamos.


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segunda-feira, abril 03, 2006

Alicerçando Poesia # 183 - Walt Whitman 1819/1892


O CAPTAIN! MY CAPTAIN!


O Captain! my Captain! our fearful trip is done,
The ship has weather'd every rack, the prize we sought is won,
The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring;
But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red,
Where on the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;
Rise up -- for you the flag is flung -- for you the bugle trills,
For you bouquets and ribbon'd wreaths -- for you the shores a-crowding,
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;
Here Captain! dear father!
This arm beneath your head!
It is some dream that on the deck,
You've fallen cold and dead.

My Captain does not answer, his lips are pale and still,
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will,
The ship is anchor'd safe and sound, its voyage closed and done,
From fearful trip the victor ship comes in with object won;
Exult O shores, and ring O bells!
But I with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.


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