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segunda-feira, setembro 29, 2008

Alicerçando Imagens # 148 - Taro Okamoto (1911-1996)



Wounded Arm, 1936/1949, óleo sobre tela


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sábado, setembro 27, 2008

Alicerçando Poesia # 331 - Edmundo de Bettencourt


Ondulação




O luar ondula
fluindo e refluindo
para não acabar a maré cheia
nesta praia onde
ponderável eu me encontro indo
— o pensamento em rumos ignorados
e ao sabor dos presságios. . .




Em breve, à minha volta no areal,
esperanças, de branco, vaporosas,
chorando alto naufrágios
à vista da magia de seus mundos,
com suas lágrimas,
quais enxadas na terra, poderosas,
cavarão sulcos fundos.




E elas ali se hão de enterrar
quando o luar fugir...
Mas com elas enterrarei os meus insultos
à minha nobre angústia de vibrar,
à minha vã desgraça de sentir!


quinta-feira, setembro 25, 2008

Alicerçando Poesia # 330 - Rafael Alberti - Espanha (1902-1999)


Agua de Roma

Oyes correr en Roma eternamente,
en la noche, en el día, a toda hora
el agua, el agua, el agua corredora
de una fuente a otra fuente y otra fuente.
Arrebatada, acústica, demente,
infinita insistencia corredora,
cante en lo oscuro, gima bullidora,
es su fija locura ser corriente.
Ría de un ojo, llore de unos senos,
salte de un caracol, de entre la boca
de la más afilada dentadura.
O de las ingles de unos muslos llenos,
correrá siempre, desbandada y loca
libre y presa y perdida en su locura.


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segunda-feira, setembro 22, 2008

Alicerçando Imagens # 147 - Miguel Ângelo



desenho de Miguel Ângelo para a Capela dos Medicis em Florença - Igreja de S. Lourenço

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sábado, setembro 20, 2008

Alicerçando Poesia # 329 - Sophia de Mello Breyner


Mar

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.


quinta-feira, setembro 18, 2008

Alicerçando Poesia # 328 - César Bisso - Argentina


Cárcel
¿Qué contiene la espera?

¿Sonidos de puertas cerrándose,
nombres aniquilados por el insomnio,
ecos de un silencio carcomido
entre sombras y paredes?

¿Acaso tu desnudez
despeñada
de la nuca a los tobillos?


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terça-feira, setembro 16, 2008

Alicerçando Palavras # 160 - Bernardo Soares (Fernando Pessoa)


Depois que os últimos calores do estio deixavam de ser duros no sol baço, começava o outono antes que viesse, numa leve tristeza, prolixamente indefinida, que parecia uma vontade de não sorrir do céu. Era um azul umas vezes mais claro, outras mais verde, da própria ausência de substância da cor alta; era uma espécie de esquecimento nas nuvens, púrpuras diferentes e esbatidas; era, não já um torpor, mas um tédio, em toda a solidão quieta por onde nuvens atravessam.

A entrada do verdadeiro outono era depois anunciada por um frio dentro do não-frio do ar, por um esbater-se das cores que ainda se não haviam esbatido, por qualquer coisa de penumbra e de afastamento no que havia sido o tom das paisagens e o aspecto disperso das coisas. Não ia ainda morrer, mas tudo, como que num sorriso que ainda faltava, se virava em saudade para a vida.

Vinha, por fim, o outono certo: o ar tornava-se frio de vento; soavam folhas num tom seco, ainda que não fossem folhas secas; toda a terra tomava a cor e a forma impalpável de um paul incerto. Descoloria-se o que fora sorriso último, num cansaço de pálpebras, numa indiferença de gestos. E assim tudo quando sente, ou supomos que sente, apertava, íntima, ao peito a sua própria despedida. Um som de redemoinho num átrio flutuava através da nossa consciência de outra coisa qualquer. Aprazia convalescer para sentir verdadeiramente a vida.
Mas as primeiras chuvas do inverno, vindas ainda no outono já duro, lavavam estas meias tintas como sem respeito. Ventos altos, chiando em coisas paradas, barulhando coisas presas, arrastando coisas móveis, erguiam, entre os brados irregulares da chuva, palavras ausentes de protesto anónimo, sons tristes e quase raivosos de desespero sem alma.

E por fim o outono cessava, a frio e cinzento. Era um outono de inverno o que vinha agora, um pó tornado lama de tudo, mas, ao mesmo tempo, qualquer coisa do que o frio do inverno traz de bom – verão duro findo, primavera por chegar, outono definindo-se em inverno enfim. E no ar alto, por onde os tons baços já não lembravam nem calor nem tristeza, tudo era propício à noite e à meditação indefinida. Assim era tudo para mim antes que o pensasse. Hoje se o escrevo é porque o lembro. O outono que tenho é o que perdi.


Livro do Desassossego - 29-1-1932



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domingo, setembro 14, 2008

Alicerçando Poesia # 327 - Eugénio de Andrade


Colhe

Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.


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sexta-feira, setembro 12, 2008

Alicerçando Imagens # 146 - Maurice Prendergast 1858-1924


Escadas da Praça de Espanha, Roma, 1898 (não concluído), lápis e aguarela sobre papel


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quarta-feira, setembro 10, 2008

Alicerçando Poesia # 326 - Sophia de Mello Breyner Andresen


O poema


O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo.


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segunda-feira, setembro 08, 2008

Alicerçando Poesia # 325 - Vilma Vargas - Costa Rica


Mediodìa

Duele el poema.
Hay una paloma abriendo el pecho.
El sol salta como una llama
hasta quedar en el pavimento.
No hay regreso. Prisa es la mañana.
El perro siguió la cadena de su amo.
Hecho polvo un hueso.
Se fue la paloma desnuda
sin ser mirada.
El calor se deshace en un charco de imágenes.
El papel va sudando.


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quinta-feira, setembro 04, 2008

Alicerçando Imagens # 145 - James Abbot Whistler 1834-1903



Mãe e criança num sofá, aguarela.


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Alicerçando Poesia # 344 - Sophia de Mello Breyner Andresen


O poema me levará no tempo
Quando eu não for a habitação do tempo
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo


De Livro Sexto



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