#footer { width:660px; clear:both; margin:0 auto; } #footer hr { display:none; } #footer p { margin:0; padding-top:15px; font:78%/1.6em "Trebuchet MS",Trebuchet,Verdana,Sans-serif; text-transform:uppercase; letter-spacing:.1em; }

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Alicerçando Poesia #458 - Armando Silva Carvalho

A Ordem

Os factos revistos
e sanados

os gestos parados
e previstos

os gritos sustidos
e correctos

os homens as coisas e os mitos
nos factos nos gestos e nos gritos

Etiquetas:

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Alicerçando Poesia # 457 - Alexandre O´Neill


É simples a separação.
Adeus.
Desenlaçado o último abraço, uma pressa de dar cost-
as um ao outro
Já não há gestos. O derradeiro (impossível)seria não
desfazer o abraço.
Pressa de cada um retomar o outro na teia lenta da
remembrança.
Não desfazer o abraço. Ficar face encostada ao niagara
dos cabelos.
Sobram fotografias, voz no gravador, um bilhete na
caixa do correio. Sobra o telefone.
Tensão-telefone. Experimentada. Sofrida.
Tensão-telefone. Possibilidade de voz não póstuma.
No gravador, voz de ontem, de anteontem. De há anos.
Sobra o telefone.Mudo.
Retininte?
Sobrarão as cartas. Sobra a espera.
Na teia lenta da remembrança, retomo-te em memória
recente: na praia da ternura onde nos enrolámos e desen-
rolámos desesperados de separação.
Sobra a separação.

Etiquetas:

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Alicerçando Poesia #456 - Rabinadranath Tagore

O CAMINHANTE


Não me perguntes
O que é salvação
Ou onde a encontrar,
Não sou investigador, mas apenas poeta...
Vivo agarrado a esta terra.
Perante mim corre o rio da vida...
Levando na sua corrente
Luz e sombra, bem e mal,
Ganhos e perdas, lágrimas e risos,
Coisas que se entrelaçam
E se esquecem!
Sobre as suas águas
A manhã chega em profundos matizes,
O ocaso estende o seu véu carmesim,
E os raios lunares caem como o suave tacto de uma mãe.
Na noite escura
As estrelas elevam as suas orações;
Sobre as suas ondas
A madhuri oferece os seus dons,
E as aves soltam os seus cantos.
Quando ao ritmo das ondas
Silencioso dança o meu coração
Então nesse ritmo
Estão os meus limites e a minha liberdade.
Não desejo conservar nada
Nem apegar-me a nada.
Desatando os nós da união e da separação,
Quero flutuar com o Todo
Içando as minhas velas ao vento que paira.


Oh, grande Caminhante!
Para ti abrem-se os dez caminhos
Nos confins da terra,
E não tens templo, nem céu,
Nem limite final.
A cada passo tocas o chão sagrado.
Caminhando a teu lado, oh, Incansável!
Encontro a salvação
No tesouro do caminho.
Em luz e sombra,
Nas páginas sempre novas da criação,
Em cada novo instante de dissolução
Ouve-se o ritmo das tuas danças e canções.




(in Poesia, tradução de José Agostinho Baptista, Assírio & Alvim, 2004 – documenta poetica)