#footer { width:660px; clear:both; margin:0 auto; } #footer hr { display:none; } #footer p { margin:0; padding-top:15px; font:78%/1.6em "Trebuchet MS",Trebuchet,Verdana,Sans-serif; text-transform:uppercase; letter-spacing:.1em; }

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Alicerçando Fotos # 9



Lago Ontario, Canadá



Retirada daqui.

domingo, fevereiro 27, 2005

Alicerçando Poesia # 56 - Boris Vian - 1920-1947


Cinématographe

Quand j'avais six ans
La première fois
Que papa m'emm'na au cinéma
Moi je trouvais ça
Plus palpitant que n'importe quoi
Y avait sur l'écran
Des drôl's de gars
Des moustachus
Des fiers à bras
Des qui s'entretuent
Chaqu' fois qu'i trouvent
Un cheveu dans l'plat
Un piano jouait des choses d'atmosphère
Guillaum' Tell ou l'grand air du Trouvère
Et tout le public
En frémissant
S'passionnait pour ces braves gens
Ça coûtait pas cher
On en avait pour ses trois francs

Belle, belle, belle, belle, comm' le jour
Blonde, blonde, blonde, blonde, comm' l'amour
Un rêve est passé sur l'écran
Et dans la salle obscurément
Les mains se cherchent, les mains se trouv'nt
Timidement
Gare, gare, gare, gare, la revoilà
Et dans la salle plus d'un coeur bat
La voiture où elle se croit en sûr'té
Vient de s'écraser par terre
Avec un essieu cassé
Le bandit va pouvoir mettr' la main
Sur le fric, c'est tragique
Non d'un chien
C'est fini, tout s'allume
A mercredi prochain

Maintenant ce n'est
Plus mon papa
Qui m'accompagne au cinéma
Car il plante ses choux
Là-bas pas loin de Saint Cucufa
Mais j'ai rencontré
Un Attila
Un moustachu un type comme ça
Il ador' aller le mercredi
Dans les cinémas
Bien sûr c'est dev'nu l'cinémascope
Mais ça r'mue toujours et ça galope
Et ça reste encor' comme autrefois
Rempli d'cov'boill's sans foi ni loi
Et de justiciers qui vienn'nt fourrer
Leur grand pied dans l'plat

Gare, gare, gare, gare, Gary Cooper
S'approche du ravin d'enfer
Fais attention pauvre crétin
Car Alan Ladd n'est pas très loin
A cinq cents mètres il log' un' balle
Dans un croûton d'pain
Gare, gare, gare, gare, pendant c'temps-là
Je sens qui m'serr' dans son grand bras
Le fauteuil où je m'croyais en sûr'té
N'empêche pas cett' brut' d'essayer
De m'embrasser
J'ai pas vu si Gary s'rait gagnant
Mais comm' c'est l'cinéma permanent
Mon chéri rappell' toi on est resté un an
Et on a eu beaucoup d'enfants.


Boris Vian, 1954



C'est drôle comme les gens qui se croient instruits éprouvent le besoin de faire chier le monde.

sábado, fevereiro 26, 2005

Alicerçando Palavras # 46 - Walter Benjamin - 1892-1940


"The tradition of the oppressed teaches us that the 'state of emergency' in which we live is not the exception but the rule. We must attain to a conception of history that is in keeping with this insight. Then we shall clearly realize that it is our task to bring about a real state of emergency, and this will improve our position in the struggle against Fascism. One reason why Fascism has a chance is that in the name of progress its opponents treat it as a historical norm. The current amazement that the things we are experiencing are 'still' possible in the twentieth century is not philosophical. This amazement is not the beginning of knowledge--unless it is the knowledge that the view of history which gives rise to it is untenable."

Walter Benjamin, "Theses on the Philosophy of History," (Spring, 1940) trans. Harry Zohn.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Alicerçando Imagens # 33 -Arnulf Rainer



Wundem, 1969-1971, pastel e óleo sobre fotografia, 59,5 x 50 cm


Com um obrigado a Paiva Raposo por mo ter dado a conhecer.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Alicerçando Poesia # 55 - José Terra


Rápidas mãos, lúcidas mãos seguindo
seu curso irreal por entre vento e espuma.

Assim te guardo, assim te perco, oh alta
fronte de cidade em movimento.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Alicerçando Palavras # 45 - Al Berto - 1948-1997



Caminhamos em direcções opostas. Caminhamos sem destino pela cidade.

A febre aniquila-nos.

Existem Índias por descobrir, no segredo da noite dos nossos desastres.

Caminhamos neste espaço de penumbras e de incertezas - onde a fala já não cintila e as palavras são de cinza.



Sobre as tuas mãos a sombra de um corpo, ou de um navio. O silêncio das viagens cumpridas. E no meio deste silêncio uma ideia de voz, uma treva agarrada à memória.

Foi então que dei por mim a existir para lá da tua morte, como se asfixiasse. Mas o passado não é senão um sonho. Uma brincadeira com clepsidras avariadas e algum sangue.

Não vale a pena estar triste.

Todas as histórias, todas as mortes, acabam por se apagar.



Um barco tremeluz nas cortinas do quarto.

O horizonte é negro. A luz do dia extinguiu-se subitamente.

As mãos com que te toco, luminoso afogado, não são verdadeiras nem reais - porque o tempo todo talvez esteja onde existimos. Embora saibamos que neste lugar nunca houve tempo nenhum.


Al Berto
In, Luminoso Afogado, 1996

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Alicerçando Poesia # 54 - Leopoldo María Panero



Gioconda

Arden mis ojos
en la hoguera del poema
arden mis pies lentamente
dialogando con el fuego
como si una mujer moribunda
nos sonriera en la página.



Rilkiana

Qué sentido tiene el cielo
que habita en los ojos de un sapo
de un sapo que ladra y babea
esperando que los muertos concluyan su viaje
y afirmen su odio a la vida
en el cementerio de los sapos.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Alicerçando Imagens # 32 - Lucien Freud




Naked girl asleep II, 1968, oil on canvas, 55.8x55.8


The longer you look at an object, the more abstract it becomes, and, ironically, the more real.

domingo, fevereiro 20, 2005

Alicerçando Poesia # 53 - Armindo Rodrigues


Perde-se o amor em quem
ama só o que não tem.
Mas em quem só so compraz
no amor de que é capaz
perde-se o amor também
Neste meu amor de ti,
ganhei só, pois me perdi.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Alicerçando Palavras # 44 - Fernando Pessoa



fp


(Nota biográfica escrita por Fernando Pessoa em 30 de Março de 1935 e publicada, em parte, como introdução ao poema editado pela Editorial Império em 1940 e intitulado: "À memória do Presidente-Rei Sidónio Pais")



Nota auto-biográfica de Fernando Pessoa (1935)


Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa.

Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório) em 13 de Junho de 1888.

Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e que foi Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus.

Estado: Solteiro.

Profissão: A designação mais própria será «tradutor», a mais exacta a de «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.

Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1º. Dto. Lisboa. ( Endereço postal - Caixa Postal 147, Lisboa ).

Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas.

Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. O que, de livros ou folhetos, considera como válido, é o seguinte: «35 Sonnets» (em inglês), 1918; «English Poems I-II» e «English Poems III» (em inglês também), 1922, e o livro «Mensagem», 1934, premiado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, na categoria «Poema». O folheto «O Interregno», publicado em 1928, e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito.

Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.

Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberdade dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reaccionário.

Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria.

Posição iniciática: Iniciado, por comunicação directa de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal.

Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: «Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação».

Posição social: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.

Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania


Lisboa, 30 de Março de 1935



____________________________________________

Fonte: Fernando Pessoa, Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Rflexão Pessoal, Assírio & Alvim, 2003

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Alicerçando Palavras # 43 - Pierre Lory


SUFISMO Y CIENCIAS OCULTAS


Llamamos “ciencias ocultas” a una serie de prácticas muy heterogéneas, que van de la astrología a la magia pasando por la alquimia y varias formas de adivinación. La propia expresión se remonta al siglo XVII, o quizás un poco antes -el De occulta philosophia de Cornelius Agrippa de Nettesheim data de 1533-, y en la actualidad no goza de buena reputación debido a la adopción del término “ocultismo” para designar una serie de enseñanzas esotéricas occidentales recientes de un valor bastante dudoso. Pero no es inadecuado. El sustantivo “ciencia” sugiere construcciones doctrinales con una coherencia interna global, y el adjetivo “oculta” refleja bien el doble encubrimiento de unas disciplinas que pretenden ser discretas, esotéricas, ocultas para el común de los mortales, y al mismo tiempo son rechazadas del ámbito del pensamiento por la razón ideológica y científica oficial.

La presencia de estas “ciencias ocultas” en los países del área islámica está atestiguada desde la Edad Media, aunque no existiera un término científico para designar estas creencias y actividades como tales (la lengua árabe clásica posee una nomenclatura muy rica para designar con precisión cada rama de la magia o la adivinación, pero los apelativos genéricos como ‘ulûm jafía o ‘ulûm bâ t inía - lit . “ciencias ocultas”- son calcos recientes de expresiones europeas). La actitud del Islam ortodoxo ante ellas se parece bastante al de la Iglesia católica. Las autoridades religiosas oficiales, los ulemas, en general admiten la existencia y la eficacia de algunas prácticas mágicas, aunque previenen contra la posible inclusión de ilusiones, mentiras y peligros morales. En efecto, en varios pasajes del Corán se menciona la existencia de un mundo sobrenatural, y en especial la presencia de ÿinn , cuyos actos pueden interferir en los de los hombres, como por ejemplo en las prácticas de adivinación. Aunque el texto sagrado denuncia la duplicidad y el engaño de los magos y adivinos, no niega categóricamente la eficacia de su arte, aunque éste pierde la pierde ante la revelación: así, los magos de la corte de Faraón se inclinan ante los poderes de Moisés y se convierten a supredicación . Las autoridades religiosas musulmanas desaconsejan formalmente dedicarse a la magia, que representa una inclinación a la idolatría -puede ser castigada con pena capital en caso de culto a los demonios o de blasfemia, incluso implícita- y ocasiona muchos males en la sociedad. También condenan los intentos de conocer los sucesos futuros mediante prácticas de adivinación.

Ghazali (m. 1111) fue quien formuló con más amplitud esta actitud, concluyendo que el buen musulmán debe abstenerse del estudio de estas ciencias, aunque a veces pueden ser de provecho, porque no le ayudan a salvarse sino que, por el contrario, introducen muchas tentaciones y asechanzas en su vida moral y religiosa. De todos modos, el debate sigue abierto entre los teólogos musulmanes. Fajr ad- Dîn Razi (m. 1209) pensaba que el musulmán sabio debía conocer esas disciplinas, porque toda adquisición de conocimientos es útil y permite conocer mejor la verdad. Pero cualesquiera que fueran las opiniones de los doctores de la Ley, las prácticas mágicas se propagaron con rapidez en la vida concreta de las comunidades musulmanas, so pretexto de su carácter defensivo (lucha contra los maleficios, contra el mal de ojo, etc.).

Evolución histórica:

De entrada no tiene por qué haber ningún vínculo especial entre el sufismo y las ciencias ocultas. Los que se dedican a la magia, la alquimia o la astrología no tienen por qué estar relacionados con una cofradía sufí. Y a la inversa, adentrarse en una senda sufí y llegar a ser un maestro espiritual no supone estar en posesión de conocimientos o poderes preternaturales. No obstante, estas dos actividades están muy relacionadas entre sí, de resultas de un proceso histórico.

Los primeros sufíes conocidos (siglos II-III de la hégira, es decir, siglos VIII-IX de nuestra era) eran ascetas piadosos. Se dedicaban sobre todo a una estricta práctica religiosa, con privaciones materiales muy severas, y solían despreciar abiertamente las dotes paranormales que, según la literatura hagiográfica, tenían a veces, porque en el fondo las consideraban un ardid de Dios para poner a prueba la rectitud de su inclinación hacia Él. Por ejemplo, cuando Nuri (m. 907) vio que las dos orillas del Tigris se acercaban para permitirle que lo cruzara, rechazó este favor y prefirió pasar en la barca. Y eso que en estos casos se trataba de gracias divinas. En esta época el descrédito de las ciencias ocultas propiamente dichas se debía a que se consideraban residuos del paganismo, o por lo menos prácticas sospechosas de estar relacionadas con él. Cabe destacar que si tanto el teólogo como el historiador distinguían entre el prodigio concedido por la gracia divina del que responde a una “técnica” de orden mágico, la conciencia popular asimiló con facilidad estos dos órdenes de causalidad.

En efecto, históricamente la cuestión es de los más complejo, y a veces la separación entre los místicos puros y los practicantes de ciencias ocultas es sumamente imprecisa. A partir del siglo III/IX a los grandes maestros sufíes les atribuyeron toda clase de prodigios. Los principales doctrinarios del sufismo clásico, en su afán por no salirse de la corriente ortodoxa del Islam y evitar que les acusaran de aspirar a una dignidad profética o teofánica , quisieron dejar claro que no se trataba de milagros ( mu ‘ÿiçât, propios de los profetas), sino de simples favores divinos ( karâmât ) concedidos por Dios, en ocasiones, a algunos de sus piadosos servidores.

No obstante, estas reservas doctrinales no bastaron para conjurar la confluencia entre la senda mística, por un lado, y por otro los fenómenos paranormales y las ciencias ocultas, sobre todo en la conciencia popular. Ciertas prácticas como la magia o la adivinación, que para los “piadosos antepasados” eran actividades sospechosas, no musulmanas o incluso satánicas, acabaron asumiendo un carácter honorable, y hasta sagrado. En los círculos sufíes se extendió la idea de que el santo (traducción aproximada de wali , en plural awliyâ ) es el verdadero continuador de la actividad sagrada del Profeta, e incluso el depositario de una ciencia oculta que Muhammad transmitió por vía esotérica a un reducido número de discípulos. Por lo tanto, estos últimos eran los únicos que habían entendido y practicado cabalmente el Islam.

Bastaba entonces demostrar que las ciencias ocultas eran un elemento de ese saber esotérico para convertirlas en disciplinas sagradas, reveladas por ángeles a los principales Enviados, y los awliya sufíes tenían el privilegio y el deber de practicarlas en benéfico de los hombres. La alquimia habría sido revelada al profeta Idris ( Enoch ), y la oniromancia sería una ciencia propia del profeta José; la magia basada en el dominio de los ÿinn se atribuía a Salomón; la curación por la palabra a Jesús, etc. Cabe destacar el carácter ambiguo de la acción “oculta”, que en este caso no es el resultado de una mera acción divina arbitraria (como en el caso del Tigris que se estrecha para que pase Nuri ), sino de una enseñanza inciática , de un saber adquirido, aunque la eficacia del rito no puede prescindir de la fuerza invisible, la báraka , que Dios concede a sus protegidos.

Esta integración de varios elementos de las ciencias ocultas en la espiritualidad musulmana debió producirse por mediación del movimiento shií . A finales del siglo I de la hégira (principios del siglo VIII), en círculos shiíes de Iraq e Irán empezó a circular la idea de que los Imames , desposeídos del poder político, eran depositarios de un saber esotérico recogido en unos libros secretos. Este saber concernía a la adivinación (en una visión colectiva, escatológica), pero también a la magia y la alquimia. El Sexto Imam , Ya‘far as- Sâdiq , está considerado como el iniciador del inmenso corpus alquímico que lleva el nombre de Yâbir ibn Hayyân . De hecho, estos conocimientos y poderes concedidos a los Imames no eran sólo un favor divino, sino que derivaban directamente de su función de representates del poder divino en la tierra. En el siglo III/IX se produjo el paso de estas creencias al sufismo sunní , y entonces los grandes maestros se atribuyeron esta misión de continuadores de la acción espiritual del Profeta Muhammad .

En esa época antigua (siglos III.IV de la hégira), estas ideas apenas tenían resonancia fuera de los propios medios sufíes, y podían escandalizar a los musulmanes más convencionales, provocando a veces reacciones violentas. Un ejemplo destacado es el del gran místico Hallâÿ , que murió en 922 ejecutado de forma espectacular tras un proceso largo y controvertido. Le acusaron de aspirar a un poder, o a una condición ontológica, de origen divino.

Si la analizamos bien, su doctrina no es tan excéntrica comparada con la de otros maestros sufíes que sostenían haberse unido a su Señor, de modo que sus palabras y actos procederían del propio Dios. Pero Hallâÿ , a diferencia de los demás místicos, era un predicador activo, y reforzaba su mensaje realizando prodigios. Leía los pensamientos, curaba las enfermedades graves y repartía comida en abundancia sacándola de su ropa o del aire que le rodeaba. Los aspectos taumatúrgicos de su predicación, presentados por él como prueba del origen divino de su acción, tuvieron mucho que ver con su prendimiento y procesamiento. Sus adversarios le acusaron a porfía de ser un charlatán, un mago que tenía comercio con los ÿinn o que había aprendido sus trucos durante su viaje a India.

Sus discípulos, por el contrario, lo veían como un hombre habitado por la Presencia y la báraka de Dios, un santo perfecto “amo del tiempo”. A uno de ellos, que había asistido a un reparto milagroso de pasteles, le asaltó una duda y al rato volvió al lugar del prodigio. Entonces una voz sobrenatural le dijo: “ Oh , tú, ¿habéis comido dulces en el monte Qâf , y vienes aquí a buscar las migas? Podías tener mejores sentimientos. Porque este jeque no es otro que elángel de este mundo y del otro mundo”. Hallâÿ representa toda la ambigüedad de las relaciones entre el sufismo y las ciencias ocultas en la época antigua.

La situación evolucionó mucho a partir del siglo XII de nuestra era, cuando los sufíes empezaron a formar grandes cofradías y su influencia social fue mayor. La mayor parte de las cofradías atribuían su legitimidad esotérica a una cadena detallada de transmisión iniciática que se remontaba al Profeta Muhammad , y a la existencia -en su época- de una jerarquía espiritual que dirigía el mundo y tenía su máximo exponente en un Polo ( Qu t b ), rodeado de cierto número de dignatarios que ocupaban varias “grados”. Se consideraba que estos grandes awliya administraban los asuntos del mundo según directrices celestes, intercedían por los hombres y aplacaban la ira divina gracias a su santidad. Según los textos sufíes estos jerarcas vivían de forma discreta, o incluso pasaban totalmente inadvertidos, pero generalmente en las cofradías los discípulos de un gran maestro le consideraban un Polo, o al menos uno de sus asesores. Dentro de esta concepción de la vida espiritual, las ciencias ocultas practicadas por los maestros podían integrarse de una forma natural como uno de los aspectos de la ciencia iniciática transmitida y un elemento del papel benéfico de los awliya de Dios. Estamos ante un fenómeno de un alcance histórico considerable, porque este aspecto carismático y taumatúrgico del sufismo de cofradías contribuyó a mantener la cohesión del tejido social musulmán en los periodos de crisis. Gracias a él, pueblos enteros, sobre todo en Asia, se islamizaron, pues el sufismo popular permitía el paso sin traumas de las costumbres chamánicas , muy impregnadas de magia, a un Islam más estrictamente legalista.

Ciencias ocultas y espiritualidad:

Fue así como la vida de las cofradías asumió ciertas prácticas ocultas. El observador exterior tratará de buscar diferencias entre una práctica de magia o adivinación realizada por un dignatario sufí y la realizada por un simple “laico”, profesional o no. Pero es difícil marcar estas diferencias.

En efecto, por un lado muchos magos y adivinos profesionales suelen remitirse a tradiciones prestigiosas de origen sufí. Es característica al respecto la lista de las transmisiones iniciáticas para la ciencia de las letras y la magia talismánica citadas por el ocultista al- Buni (siglo XIII) al final de su gran tratado Shams al- Ma ‘ârif . En ella aparecen los principales nombres del pensamiento religioso y la mística musulmana, aunque no hay ningún indicio de que al- Buni fuera miembro de una cofradía.

Por otro lado, en la conciencia popular el hecho de que una persona posea una ciencia y unos poderes ocultos es una señal evidente de que pertenece al mundo de los santos, los awliya , lo mismo que los sufíes afiliados a una orden. Esta posibilidad de acceder a la condición de santidad sin iniciación humana -el iniciador invocado puede ser un profeta o un sufí de tiempos pasados que se aparece en sueños o en visiones, o incluso un ángel- complica las pistas y borra singularmente las fronteras oficiales del sufismo, así como el alcance de las propias ciencias ocultas.

Pero las ciencias ocultas distan mucho de ser abordadas en el mismo grado y de la misma forma. Por ejemplo, la astrología está muy presente, pero por lo general como simple ciencia de apoyo: por ejemplo, en la confección de talismanes, para elegir el momento de ciertas prácticas. Porque si los astros (es decir, los ángeles que los habitan y les confieren su influencia) han sido colocados por Dios para regir el mundo natural, no son más que simples intermediarios de un destino que los trasciende y, en definitiva, se les va de las manos.

En cuanto a la alquimia, práctica ardua y elitista donde las haya, sólo aparece de vez en cuando en los textos y las actividades de los sufíes. En uno de ellos se cuenta que Sahl Tustari (m. 896) fue a la celda de su cofrade sufí Ishâq ibn Ahmad después de su muerte, y descubrió unas botellas de elixir que permitía la trasnmutación de los metales en plata y oro, así como unos lingotes de metales preciosos que atestiguaban el éxito del difunto en sus indagaciones alquímicas. Tustari le ordenó a su discípulo que hiciera desaparecer todo eso, y al preguntarle el discípulo por qué Ishâq , que estaba abrumado por las deudas, no había recurrido a esa riqueza, Tustari le contestó simplemente: “Temía por su fe”. Pero los retos espirituales de la alquimia acabaron siendo una de las zonas más secretas del esoterismo sufí. Los alquimistas, por su parte, buscaron a menudo el patronazgo de los grandes místicos. Prueba de ello son los tratados sobre la Gran Obra atribuidos -seguramente sin razón- a maestros como Hasan Basri , Dzû n- Nûn Misri , Hallâÿ , etc.

Lo que pedían los simples creyentes era sobre todo curación corporal y adquisición de bienes materiales o afectivos, de modo que las “ciencias” más practicadas por los maestros o sus discípulos aventajados fueron la magia talismánica y las distintas formas de adivinación. Pero es interesante destacar la peculiaridad de estas prácticas que, en la época de madurez del sufismo, incorporan ritos y procedimientos profundamente islamizados. La magia de origen antiguo practicada en los primeros siglos del Islam se basaba en la manipulación de las propiedades naturales ocultas de las sustancias y los astros. La talismánica sufí se elaboró en los siglos posteriores a partir de un tratamiento “cabalístico” de la palabra pronunciada o escrita, sobre todo de la palabra coránica.

La inspiración coránica es muy clara. El Islam como tal se basa en la revelación divina por medio de la palabra. Dios, incognoscible e inaccesible en sí mismo, da a conocer su mensaje por medio de un Libro, de una Recitación dictada al Profeta Muhammad . De modo que cada aleya, cada palabra, cada letra de este texto tiene para el musulmán creyente un carácter sagrado de teofanía. No es extraño, pues, que algunos de ellos, sobre todo en las corrientes esotéricas, pretendieran descifrar secretos metafísicos en la textura del verbo coránico, o que otros atribuyeran virtudes profilácticas, curativas o adivinatorias a tal o cual aleya.

Estas consideraciones piadosas sobre el valor sobrenatural de las aleyas coránicas que fueron articulando una doctrina filosóficomística dotada de cierta coherencia. Un ejemplo muy claro -y antiguo- de esta evolución nos lo proporciona el Tratado de las letras ( Risâlat al- H urûf ) de Sahl Tustari (siglo IX). El autor describe el proceso de la creación del mundo a partir de la Palabra (divina) explicando cómo las letras primordiales constituyen las partículas primeras y la energía original de todos los seres; cómo se articulan para engendrar y formar, uno tras otro, el mundo celeste y el terrestre, según modalidades análogas a las de la gramática (árabe) y al orden del texto coránico; y cómo este mismo orden cosmolingüístico se encuentra también en el componente humano. El propio Tustari sugiere que esta triple analogía cosmos-lengua-hombre podría servir de base a una teoría y una práctica de la magia musulmana fundada en el verbo. En un anexo a su tratado hace un desarrollo sobre los poderes extraordinarios atribuidos a la azora 36 ( Yâ Sîn ), que incluiría el Nombre Supremo de Dios, y afirma que “aquél que invoque a Dios con ese Nombre será atendido, ya sea justo o pecador”.

Estas ideas expuestas por Tustari fueron recogidas y ampliadas por las generaciones posteriores, y alcanzaron su expresión más perfecta en la vasta síntesis realizada por Ibn ‘Arabi (m. 1124), que dedicó el segundo capítulo de sus Iluminaciones en la Meca al esoterismo de las letras que articulan el universo. Al mismo tiempo, la mayoría de los textos mágicos se inspiraron en esta cosmología y el consiguiente tratamiento de la lengua coránica. La suma de las ciencias ocultas más conocida y leída, el Shams al- Ma ‘ârif de al- Buni , está dedicada sobre todo a la construcción de cuadros mágicos y talismanes, y a invocaciones basadas en los Nombres divinos y ciertas aleyas coránicas, según distintos procedimientos cabalísticos (en especial isopsefia ). Los capítulos sobre astrología, alquimia y geomancia tienen mucha menor extensión.

La síntesis más homogénea de estas concepciones mágicas y las corrientes sufíes es el fenómeno que se ha dado en llamar “ marabutismo ”, observado sobre todo en el norte de África y Sudán. El maestro sufí, que guía a sus discípulos por la vía mística de unión con Dios proponiéndole ritos, plegarias o practicas ascéticas, es un fabricante de talismanes, un curandero, un adivino, y al mismo tiempo un árbitro, un jefe de comunidad, a veces un representante político, al que van a consultar y prometen lealtad no sólo sus discípulos, sino también regiones o grupos sociales enteros... Esta integración de lo mágico en lo religioso, lo místico y lo social no es exclusiva del África musulmana. También la encontramos, en distintos grados, en India o Indonesia (o actualmente en la región parisina). Los simples creyentes no tienen dificultad para imaginar que un maestro sufí, que sepasa la mayor parte del día y de la noche repitiendo sin parar palabras sagradas, impregnándose del verbo divino, acabe compenetrándose con la Presencia divina y siendo portador, incluso contra su voluntad, de la báraka bienhechora. Nada más normal, pues, que en él se manifiesten los conocimientos y dones maravillosos propios de la santidad, la walaya , y que se le tome por guía o por jefe.

¿Qué significado hay que dar a esta práctica de las ciencias ocultas en los movimientos sufíes? Podemos distinguir tres aspectos:

-En el aspecto social, lo maravilloso sufí ha tenido una importancia fundamental en el imaginario colectivo del Islam popular. El santo sufí representa la compensación, la revancha del pueblo llano ante la dureza de su destino y la insensibilidad de los gobernantes. Este santo reparte milagrosamente comida, cura a los enfermos más desesperados y mata al gobernante inicuo con una sola palabra o una sola mirada. Aunque tiene un poder inmenso, vive en la pobreza y la renunciación. En un conocido relato, un hombre piadoso le lleva comida a un negro miserable que vive en unas ruinas, cerca de una gran ciudad. Cuando el negro ve la limosna se echa a reir y, haciendo una señal con el dedo, convierte en oro las paredes de su tugurio; el visitante se atemoriza y huye. ¿Hay mejor ilustración de la impresión que suscita el poder oculto del santo en la imaginación del pueblo llano?

-Para los propios sufíes, miembros de cofradías en varios grados, el saber y los poderes preternaturales de su maestro son de alguna manera el signo eficaz del acceso a otras dimensiones que propone la senda mística. Cuando los miembros de la orden Rifa‘ía, durante los ritos extáticos, caminan sobre el fuego, tragan brasas o se atraviesan el cuerpo con alfileres, el significado espiritual de estas prácticas parece dudoso; pero son un indicio sensible de que el espíritu impone su ley al cuerpo del místico, y de que el orden natural deja de ser apremiante para el que sigue la senda de Dios.

-Para los propios maestros sufíes, según los comentarios que nos han llegado en sus obras escritas, o sus enseñanzas orales, los poderes proporcionados por el conocimiento de las leyes ocultas del mundo tienen otro significado. Porque la santidad coloca al maestro en una situación paradójica: es capaz de realizar prodigios sin límite, de dar la vida o la muerte a voluntad, y al mismo tiempo obedece en todo a la voluntad divina. De hecho, para él no existe contradicción, pues al igual que en el estado de unión mística la conciencia del sufí se une a la conciencia universal de Dios, su voluntad y su poder son meras prolongaciones de la voluntad y el poder divino. De este modo participa en la continuación de la acción creadora. Para él -repiten con frecuencia los textos sufíes-, la invocación “en nombre del Misericordioso” equivale a la palabra creadora “¡sé!”. El sufí se ha convertido en un órgano de Dios en la tierra. Entonces la magia ya no es una ciencia secundaria, y se convierte en uno de los principales medios por los que Dios ordena y realiza la trasformación del mundo.

Pierre Lory , Las sendas de Allah

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Alicerçando Imagens # 31 - Giovani Piranesi



Giovani Piranesi, 1720-78,The Drawbridge, Carceri, Plate VII, etching, engraving, scratching, 56,1x41,5 in.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Alicerçando Poesia # 52 - Lawrence Durrell-1912-1990


"Tu te dis : je m'en irai
Vers d'autres paysages, d'autres rivages exaltants,
Vers une ville beaucoup plus belle
Que celle-ci ne le fut ou n'a jamais souhaité d'être
Cette ville où chaque pas ne fait que resserrer davantage
Le noeud coulant : coeur enseveli dans la tombe d'un corps,
Coeur inutile, épuisé, combien de temps encore
Faudra-t-il demeurer confiné entre les murs de ces
Effroyables ruelles d'un esprit trop banal ?
De quel côté que je tourne le regard
Je ne vois se dresser que les ruines sombres de ma vie.
J'ai vécu kà tant d'années, dépensé, gaspillé
Tant d'années, en pure perte.
Il n'est pas de nouveau paysage, mon ami, non,
Pas de nouveau visage ; car la ville te suivra
Et dans les mêmes rues tu erreras sans fin ;
Les mêmes banlieues de l'esprit croupissent de l'enfance à la vieillesse,
Et c'est dans la même maison qu'à la fin
Tu perdras tes dents et tes cheveux.
La ville est une cage.
Nul autre lieu que celui-ci, à jamais
Ton port de ce côté-ci de la vie, et il n'existe pas de navire
Pour t'emporter hors de toi-même. Ah! tu ne vois donc pas
Que tu as ruiné ta vie dans ce lieu de misère,
Et qu'elle ne vaut plus rien maintenant,
Où que tu ailles, par toute la terre ?"



Le quaturo d'Alexandrie : Justine - Lawrence Durrel - Le Livre de Poche, 1982

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Alicerçando Poesia # 51 - Boujema El Aoufi - Marrocos - 1961 -



SILENCED POEMS


Thus
Are my silenced poems!
I write them with special tenderness
But again end up by loathing them . . .
And distrust the words they contain . . .
Once
I wrote a poem
That had several voices
And a narrow-aired throat . . .
I revised it in accordance to a subterranean imagination
That is extremely intricate
But when I needed it to speak
I realized that I forgot to write the mouth
From which
The poem would issue . . .
I contented myself
With only a hole at the foot of the page
Through which letters can breathe




Poem's dream

For two reasons that resist speculation
The poem sleeps early
In the poet's body:
Either because the poem abstains from dreaming
Or the warrior
Decided to rest!
Only between dreaming hands does the poem sleep in an upright position!


Tradução De Norddine Zouitni

domingo, fevereiro 13, 2005

Alicerçando Palavras # 42 - Georges Lukács


VIVE LE MARXISME ­LENINISME ­MAOÏSME!
VIVE LA GUERRE POPULAIRE!

L'idéal de l'homme harmonieux dans l'esthétique bourgeoise

(1938)

(...)
L'un de ces extrêmes est la glorification du mode de développement capitaliste des forces productives leur seul mode de développement possible pour une longue période ­ qui mène à une apologétique prompte à fermer les yeux sur l'asservissement et le morcellement effroyables de l'homme, sur la laideur horrible de la vie, que ce développement des forces
productives amène nécessairement et dans une proportion croissante.

L'autre erreur extrême est le refus de voir le caractère progressiste de ce développement en raison des conséquences abominables qu'il produit à tous égards sur le plan humain: une fuite hors du présent vers le passé, hors du présent du travail devenu absurde, de ce travail où l'homme est devenu un simple appendice de la machine: une fuite dans le Moyen Age,
où le travail varié des artisans pouvait encore se «hausser jusqu'à un certain sens artistique borné » (Marx), où les hommes entretenaient encore avec le travail des «rapports esclavagistes débonnaires » (Marx). C'est la scission de l'apolog étique et de la réaction romantique.

Les grands poètes et esthéticiens des Lumières et de la première moitié du XIX è me siècle ne succombent pas à ce faux dilemme. Mais ils ne sont pas non plus en mesure de résoudre les contradictions existantes de la soci été capitaliste. Leur grandeur et leur audace tiennent à ce que, sans nul souci de la situation contradictoire où ils sont obligés de s'enfermer, ils critiquent impitoyablement la société bourgeoise et cependant
ne renoncent jamais un seul instant à s'affirmer pour le progrès. C'est pourquoi, chez les hommes des Lumières, les aspects contradictoires sont juxtaposés inopinément.

Les poètes et penseurs du classicisme allemand, dont l'activité décisive coïncide d éjà avec la période qui a suivi la Révolution française, cherchent diverses solutions utopiques. Leur critique de la division capitaliste du travail n'en est pas moins aiguë que celle des hommes des Lumières. Eux aussi soulignent avec une rigueur croissante le morcellement de l'homme. Le Wilhelm Meister de Gœthe pose la question: « A quoi me servirait de fabriquer de bon fer, si mon être int é rieur est plein de scories? Et à quoi bon administrer un domaine quand je suis en désaccord avec moi ­même?»

Et il voit aussi tr è s clairement que cette essence inharmonieuse est en rapport avec la situation sociale de la bourgeoisie. Il dit: "Un bourgeois peut acquérir du mérite, et tout au plus cultiver son esprit; mais quoi qu'il fasse, sa personnalité se perd entièrement [...]. Il ne doit pas dire? "Qui es ­tu?..." mais : "Qu'as ­tu? Quelle intelligence, quelle connaissance, quelle aptitude, quelle fortune..." Il doit, pour se rendre utile,
d é velopper certaines aptitudes seulement, et il est entendu d'avance qu'aucune harmonie ne se dégage et ne doit se dégager de son être, du moment que pour se rendre utile de telle ou telle façon il lui faut négliger tout le reste.»

Or, les grands poètes et penseurs de la période allemande classique cherchent l'harmonie de l'homme et la beauté correspondante dans l'art. Leur action se place déjà après la Révolution française, c'est pourquoi ils ont perdu les illusions héroïques des Lumières. Mais ils n'abandonnent pas la luttepour un homme harmonieux et pour l'expression de celui ­ci
dans l'art.

Georges Lukacs


(...)

sábado, fevereiro 12, 2005

Alicerçando Imagens # 30 - Henry Fusely



Henry Fusely, 1741-1825, Nightmare, óleo sobre tela, 35x25 in, 1781/82

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Alicerçando Poesia # 50 - Jacques Prévert (1900-1977)


Le Cancre

Il dit non avec la tête
mais il dit oui avec le coeur
il dit oui à ce qu'il aime
il dit non au professeur
il est debout
on le questionne
et tous les problèmes sont posés
soudain le fou rire le prend
et il efface tout
les chiffres et les mots
les dates et les noms
les phrases et les pièges
et malgré les menaces du maître
sous les huées des enfants prodiges
avec des craies de toutes les couleurs
sur le tableau noir du malheur
il dessine le visage du bonheur.

PAROLES, EDITIONS GALLIMARD, 1972, P. 65




Pour toi mon amour


Je suis allé au marché aux oiseaux
Et j'ai acheté des oiseaux
Pour toi
mon amour
Je suis allé au marché aux fleurs
Et j'ai acheté des fleurs
Pour toi
mon amour
Je suis allé au marché à la ferraille
Et j'ai acheté des chaînes
De lourtes chaînes
Pour toi
mon amour
Et puis je suis allé au marché aux esclaves
Et je t'ai cherchée
Mais je ne t'ai pas trouvé
mon amour.

PAROLES, EDITIONS GALLIMARD, 1972, P. 48




Je suis comme je suis

Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Quand j'ai envie de rire
Oui je ris aux éclats
J'aime celui qui m'aime
Est-ce ma faute à moi
Si ce n'est pas le même
Que j'aime chaque fois
Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Que voulez-vous de plus
Que voulez-vous de moi

Je suis faite pour plaire
Et n'y puis rien changer
Mes talons sont trop hauts
Ma taille trop cambrée
Mes seins beaucoup trop durs
Et mes yeux trop cernés
Et puis après
Qu'est-ce que ça peut vous faire
Je suis comme je suis
Je plais à qui je plais
Qu'est-ce que ça peut vous faire
Ce qui m'est arrivé
Oui j'ai aimé quelqu'un
Oui quelqu'un m'a aimée
Comme les enfants qui s'aiment
Simplement savent aimer
Aimer aimer...
Pourquoi me questionner
Je suis là pour vous plaire
Et n'y puis rien changer.

PAROLES, EDITIONS GALLIMARD, 1972, P. 99




Les belles familles

Louis I
Louis II
Louis III
Louis IV
Louis V
Louis VI
Louis VII
Louis VIII
Louis IX
Louis X (dit le Hutin)
Louis XI
Louis XII
Louis XIII
Louis XIV
Louis XV
Louis XVI
Louis XVIII
Et plus personne plus rien...
qu'est-ce que c'est que ces gens-là
Qui ne sont pas foutus
De compter jusqu'à vingt?

PAROLES, EDITIONS GALLIMARD, 1972, P. 162




Les enfants qui s'aiment

Les enfants qui s'aiment s'embrasent debout
Contre les portes de la nuit
Et les passants qui passent les désignent du doigt
Mais les enfants qui s'aiment
Ne sont là pour personne
Et c'est seulement leur ombre
Qui tremble dans la nuit
Excitant la rage des passants
Leur rage leur mépris leurs rires et leur envie
Les enfants qui s'aiment ne sont là pour personne
Ils sont ailleurs bien plus loin que la nuit
Bien plus haut que le jour
Dans l'éblouissante clarté de leur premier amour.

SPECTACLE, EDITIONS GALLIMARD, 1949, P. 163




quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Alicerçando Fotos # 8 - Darren Holmes



Darren Holmes

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Alicerçando Poesia # 49 - Piercy Bysshe Shelley - 1792-1822


LOVE’S PHILOSOPHY


Correm as fontes ao rio
os rios correm ao mar;
num enlace fugidio
prendem-se as brisas no ar...
Nada no mundo é sozinho:
por sublime lei do Céu,
tudo frui outro carinho...
Não hei-de alcançá-lo eu?


Olha os montes adorando
o vasto azul, olha as vagas
uma a outra se osculando
todas abraçando as fragas...
Vivos, rútilos desejos,
no sol ardente os verás:
- Que me fazem tantos beijos
se tu a mim não mos dás?



In, Horas de Fuga, Edições Asa

Tradução de: Luiz Cardim



sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Alicerçando Palavras # 41 - Umberto Eco


Entrar na universidade dois anos depois de sessenta e oito é como ter sido admitido na Academia de Saint-Cyr em noventa e três. Tem-se a impressão de se ter enganado no ano de nascimento. Por outro lado, Jacopo Belbo, que pelo menos tinha uns quinze anos mais do que eu, convenceu-me mais tarde de que esta é uma sensação que experimentam todas as gerações. Nasces-se sempre sob o signo errado e estar no mundo de maneira digna quer dizer corrigir todos os dias o seu próprio horóscopo.

Creio que nos tornamos aquilo que o nosso pai nos ensinou nos tempos mortos, quando não tinha a preocupação de educar-nos. Formamo-nos sobre o refugo da sabedoria. Ao dez anos eu queria que os meus pais me fizessem uma assinatura de um certo semanário que publicava as obras-primas da literatura em quadradinhos. Não por sovinice, mas talvez por desconfiança em relação à banda desenhada, o meu pai não se dispunham a ceder. “O objectivo desta revista”, sentenciei então, citando o lema da série, porque eu era um rapaz esperto e persuasivo, “no fundo é o de educar de modo agradável”. O meu pai, sem levantar os olhos do seu jornal, disse-me: “O objectivo do teu jornal é o mesmo de todos os jornais, que é o de vender o máximo de exemplares que puderem.”

Naquele dia comecei a tornar-me incrédulo.

Isto é, arrependi-me de ter sido crédulo. Tinha-me deixado levar por uma paixão da mente. É isto a credulidade.

Não é que o incrédulo não possa acreditar em nada. Simplesmente, não acredita em tudo. Acredita numa coisa de cada vez, e só numa segunda se de qualquer maneira derivar da primeira. Procede de modo míope, metódico, não arrisca horizontes. De duas coisas que não estejam ligadas, acreditar em ambas, e com a ideia de que há-de haver em qualquer parte uma terceira oculta a uni-las, isto é que é a credulidade.

A incredulidade não exclui a curiosidade, conforta-a. Desconfiado das correntes de ideias, das ideias eu gostava da polifonia. Basta não acreditar nelas, e duas ideias – ambas falsas – podem colidir criando um bom intervalo ou um diabolus in musica. u não respeitava as ideias em que outros apostavam a vida, mas duas ou três ideias que eu não respeitava podiam criar melodia. Ou ritmo, melhor se for jazz.

Mais tarde Lia dir-me-ia: “Tu vives de coisas superficiais. Quando pareces ser profundo é porque encaixas muitas superfícies, e arranjas a aparência de um sólido – um sólido que se fosse sólido não se aguentaria em pé.”

“Estás a dizer que eu sou superficial?”

“Não”, respondeu-me. “aquilo a que os outros chamam profundidade é só um tesseract, um cubo tetradimensional. Entras por um lado, sais pelo outro, e dás contigo num universo que não pode coexistir com o teu.”



Umberto Eco, O Pêndulo de Foucault, Difel, Lisboa, p. 49


quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Alicerçando Palavras # 40 - Séneca


O sábio, ainda que se baste a si mesmo, deseja ter um amigo, quanto mais não fosse para exercer a amizade, para não deixar definhar tão grande virtude. Ele não busca, como dizia Epicuro, «alguém que lhe vele à cabeceira em caso de doença, que o socorra quando esteja em grilhões ou na indigência». Busca alguém a cuja cabeceira de doente possa velar; alguém que, quando implicado numa contenda, ele possa salvar dos cárceres inimigos. Pensar em si próprio, e empenhar-se numa amizade com esse pensamento preconcebido, é cometer um erro de cálculo. A empresa terminará como começou. Fulano arranjou um amigo para dispor, um dia, de um libertador que o preserve dos grilhões. Ao primeiro tinido de cadeias, lá se vai o amigo.

Tais são as amizades que o mundo chama de «ligações temporárias». O homem a quem se escolhe para prestar serviços deixará de agradar no dia em que não sirva para mais nada. Daí a constelação de amigos ao redor das grandes fortunas. Vinda a ruína, faz-se, à volta, a solidão: os amigos esquivam-se dos lugares onde são postos à prova. Daí, todos esses escândalos: amigos abandonados, amigos traídos, sempre por medo! É inevitável que o fim concorde com o começo: o interesse fez de sicrano teu amigo; o interesse fará com que ele deixe de sê-lo. Ele se mostrará sensível às vantagens que lhe sejam oferecidas para que dessirva a amizade, se, nesta, mostrava-se sensível a qualquer vantagem fora dela mesma.

Qual, então, o meu objectivo ao fazer um amigo? O de ter alguém por quem possa morrer, a quem possa seguir no meu exílio, a quem possa proteger com a minha pessoa, a cuja salvação possa devotar os meus dias.


Séneca, in O Sábio e a Amizade




quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Alicerçando Poesia # 48 - Claude Michel Cluny


L'Autre Visage

Ton modèle sera toujours ton maître
sans qu0il t'appertienne de connaître
de quel côté du miroir
t'ont placé les Dieux.

Sans savoir non plus qui parle
- lèvres au ras du fleuve des rêves
pétales de sang paroles de soie
qu'épelle le vent ailé
beau remords remâché recraché dans les feuilles
ou langue qui hurle en silence dans ta bouche
: la langue peut-être de tes morts?




Claude Michel Cluny é romancista, novelista, crítico, editor e, acima de tudo, poeta.

"L'Autre Visage est une triple méditation poétique sur la relation entre le Je et l'Autre, le Maître et le Disciple, le Peintre et le Modèle."

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Alicerçando Imagens # 29 - Chaim Soutine - 1893/1943



Paisagem de Cagnes com árvore, óleo sobre tela, 600x727mm